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América Latina

Farc pedem perdão por massacre em igreja na Colômbia em 2002

18 dez 2014 - 17h15
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A guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pediu perdão, nesta quinta-feira, aos habitantes da comunidade de Bojayá, no noroeste da Colômbia, pelo massacre em uma igreja que "nunca deveria ter acontecido" e que deixou 79 mortos em 2002.

"Oxalá nos perdoem!", declarou o comandante Pablo Catatumbo, em uma entrevista coletiva em Havana, depois do encontro a portas fechadas de um grupo de cerca de dez habitantes de Bojayá com a delegação de paz da guerrilha, no hotel Palco, oeste da capital cubana.

"Reiteramos nosso profundo pesar pelo ocorrido. Isso nunca deveria ter acontecido", acrescentou Catatumbo, na presença de delegados da ONU, de representantes dos países garantes (Cuba e Noruega) e acompanhantes do processo (Venezuela e Chile).

Também esteve presente o embaixador da Colômbia, Gustavo Bell, na ausência dos negociadores do governo. Na quarta-feira, eles voltaram para Bogotá para encerrar o 31º ciclo de práticas de paz com a guerrilha.

Em 2 de maio de 2002, em meio a um combate entre membros das Farcs e paramilitares colombianos em Bojayá, a guerrilha disparou um projetil artesanal. Por erro, o artefato caiu na igreja, onde os moradores haviam se refugiado. Dos 79 civis mortos, 48 eram menores de idade, segundo relatos de habitantes locais.

"Em nossa memória, está gravado de forma impossível de apagar a dor que esse massacre produziu", afirmou Leyner Palacios, em nome da comunidade.

"Mas o perdão pode ser concedido apenas por cada vítima, cada sobrevivente. Por isso, nós levaremos às nossas comunidades essa declaração do pedido de perdão que as Farc fizeram hoje", acrescentou.

Os habitantes de Bojayá culpam a guerrilha, os paramilitares e o governo pelo massacre. Este último é responsabilizado por não ter atendido ao alerta dado pelos habitantes antes do combate.

"As Farc devem mostrar atos concretos que manifestem seu arrependimento, de tal maneira que a sinceridade manifesta se traduza em ações concretas", disse Palacios.

Entre os pontos, Palacios citou o "compromisso de não cometer mais agressões contra a população civil" e que Bojayá e toda a costa do Pacífico colombiano seja declarada zona de paz.

A guerrilha concordou com o pedido feito pela comunidade de realizar outro ato de reconciliação no local da tragédia, em meados de 2015.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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