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América Latina

Equador: favorito nas eleições, Correa briga por maioria na Assembleia

O atual presidente do Equador lidera todas as pesquisas para as eleições deste domingo, mas luta para conquistar maioria absoluta na única casa legislativa federal do país

16 fev 2013 - 10h21
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Rafael Correa tem um grande desafio nas eleições gerais deste domingo no Equador que não é apenas conquistar um novo mandato. Com a larga vantagem diante dos demais candidatos em todas as pesquisas, a vitória do atual presidente é apontada por analistas políticos equatorianos como fato quase consumado, salvo surpresas, mas a eleição dos novos integrantes da Assembleia Nacional, onde o movimento governista Alianza País não tem maioria total, ainda é uma incógnita. Essa disputa foi o foco da campanha da situação, que sustentou a necessidade de apoio do legislativo para “avançar ainda mais”.

<p>O atual presidente, Rafael Correa, candidato pelo movimento Alianza País</p>
O atual presidente, Rafael Correa, candidato pelo movimento Alianza País
Foto: Divulgação

Neste domingo, mais de 11 milhões de equatorianos devem ir às urnas para escolher quem comandará o país pelos próximos quatro anos e, além disso, eleger os 137 novos membros do Legislativo. Todas as pesquisas divulgadas até agora dão vantagem ao atual presidente, que, de acordo com esses levantamentos, deve ganhar já em primeiro turno. Uma das últimas pesquisas dava 56% dos votos para Correa, contra 20% do empresário Guillermo Lasso, o principal opositor, e 5% do ex-presidente Lucio Gutiérrez.

<p>O empresário Guillermo Lasso representa a coligação CREO</p>
O empresário Guillermo Lasso representa a coligação CREO
Foto: Divulgação

No meio do ano passado, levantamentos apontaram que a popularidade do atual presidente beirava os 80%, a maior entre todos os mandatários americanos. Apesar do grande apoio popular, impulsionado por seu estilo de governo - classificado como “corajoso” por analistas políticos - e pelos programas sociais que beneficiam a maior parte dos equatorianos, Correa não conseguiu obter maioria absoluta na Assembleia Nacional nas últimas eleições. Para aprovar os projetos de interesse do governo - como a legislação que rege as eleições deste ano e que recebeu críticas de entidades que representam a imprensa por ser rígida demais - ele precisou fazer alianças com partidos de oposição.

Essa situação não agrada ao presidente. Por isso, para garantir a governabilidade – e ter mais poder – em um eventual segundo mandato, o foco de Correa é eleger o maior número possível de parlamentares. Hoje, o movimento Alianza País tem 59 deputados (a maior bancada do legislativo), mas está longe de ter a maioria absoluta (dois terços), que daria poder total ao oficialismo.

<p>O ex-presidente Lucio Gutiérrez do partido Sociedade Patriótica, que tem a segunda maior bancada na Assembleia Nacional</p>
O ex-presidente Lucio Gutiérrez do partido Sociedade Patriótica, que tem a segunda maior bancada na Assembleia Nacional
Foto: Divulgação

“A verdadeira disputa é pela Assembleia e não pela presidência”, afirma o professor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) Mauro Cerbino. “Correa quer obter a maioria absoluta para não ter problemas legislativos e alguns afirmam que também modificaria a Constituição para se reeleger indefinidamente”, avalia. Uma mudança constitucional desse porte só aconteceria com o aval de, pelo menos, dois terços dos deputados.

No entanto, a missão não é nada fácil. De acordo com a análise de Mauro Cerbino, partidos como o Sociedade Patriótica (PSP), do ex-presidente Lucio Gutiérrez, “disputam fortemente” esse espaço. Na atual formação, a sigla forma a segunda maior bancada, com 19 cadeiras. Além disso, a história mostra que os eleitores equatorianos não costumam seguir um padrão de voto. “No Equador o voto é em listas, o que significa que há muita gente que vota em um presidente, mas não por sua lista para a Assembleia”, afirma Cerbino.

Apesar de parecer definida, a eleição equatoriana ainda pode reservar surpresas. “Tradicionalmente no Equador há uma ampla margem de indecisos até o dia das eleições”, afirma o analista. Esse número, segundo as pesquisas, passa de 20%, cifra suficiente para provocar tanto um inesperado segundo turno quanto uma reviravolta na formação da Assembleia Nacional. “Ao que parece, a alta fragmentação entre os opositores (são 8 presidenciáveis, contando Correa) não incide em uma redistribuição dos votos, o que poderia determinar um segundo turno”, prevê o professor. 

Fonte: Terra
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