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América Latina

5 semelhanças e diferenças dos presidenciáveis na Argentina

26 out 2015 - 19h11
(atualizado em 27/10/2015 às 11h42)
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Daniel Scioli
Daniel Scioli
Foto: EFE

Um dia após a surpreendente votação que levou a eleição presidencial argentina ao segundo turno pela primeira vez, o candidato governista, Daniel Scioli, e o oposicionista, Maurício Macri, procuraram deixar mais claras as diferenças entre seus planos políticos e econômicos para o país.

Em entrevista a jornalistas no centro de Buenos Aires, Scioli fez questão de destacar que há uma polarização e comparou a eleição, que será decidida em 22 de novembro, à disputa entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) no Brasil no ano passado.

O candidato da presidente Cristina Kirchner sugeriu que, no pleito argentino, ele seria o equivalente à petista e Macri, ao tucano.

"Esse debate (sobre dois modelos de gestão) também ocorreu no segundo turno no Brasil e no Uruguai, quando houve disputa com o espaço de direita", afirmou Scioli, que agora diz estar disposto a participar de debates com o rival – no primeiro turno, ele faltou ao encontro.

Amigos de longa data, os dois já exibiam plataformas com algumas diferenças, mas elas ficaram mais evidentes após Scioli classificar o rival como o candidato "do mercado financeiro" e a si próprio como guardião das políticas sociais implementadas nos 12 anos de kirchnerismo, o que Macri refuta.

O mercado reagiu com euforia à votação recebida pelo oposicionista. A expectativa era de que Scioli vencesse na primeira etapa – para isso, ele precisaria ter atingido 45% dos votos ou 40%, caso obtivesse uma diferença de 10% para o segundo colocado. Mas, com mais de 85% de urnas apuradas até a publicação deste texto, a situação era de quase empate: Scioli tem cerca de 37% dos votos, contra 34,3% de Macri.

Mauricio Macri
Mauricio Macri
Foto: EFE

Veja a seguir as semelhanças e diferenças entre os discursos de ambos.

Estilo

Os dois são de famílias de empresários e amigos de longa data e sinalizam que, caso vençam, estarão mais abertos ao diálogo com os opositores, diferentemente do estilo impresso nos anos de Néstor e Cristina Kirchner.

Peronista, Scioli costuma citar o fundador do movimento político, Juan Domingo Perón (1895-1974). Ele também cita com frequência o papa Francisco e sua "cultura do encontro, do diálogo".

Ex-campeão de motonáutica que perdeu o braço direito em uma competição, é governador da maior Província da Argentina, a de Buenos Aires, e foi escolhido para a disputa por Cristina.

Macri, por sua vez, é engenheiro e ex-presidente do clube de futebol Boca Juniors. Atual prefeito de Buenos Aires, já foi visto como um "alienígena" na política. Porém, sua gestão na cidade e o crescimento do partido que fundou, o PRO, nas últimas eleições parecem ter mudado essa percepção.

Amigo do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), ele defende que a Argentina "retome a confiança dos investidores, perdida durante o kirchnerismo, e volte a crescer".

Economia

Scioli tem defendido as reestatizações de empresas realizadas pela gestão kirchnerista, como ocorreu com a petrolífera YPF. Para ele, problemas como inflação e controle cambial serão resolvidos gradativamente.

Macri, que foi contrário à estatização da petroleira, diz hoje que a manteria caso eleito. O oposicionista afirma, porém, que são necessárias medidas para resolver rapidamente os problemas econômicos, e não de forma gradual.

Mercosul

Os dois candidatos se dizem "pró-Mercosul" e defendem que a Argentina mantenha suas relações exteriores atadas, em primeiro lugar, ao bloco.

No entanto, Macri afirma que, se eleito, pedirá que o bloco apele contra a prisão do opositor venezuelano Leopoldo López, tema que tem sido evitado pelo grupo composto por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela.

Brasil

Os dois candidatos reforçaram durante suas campanhas que o Brasil será o "principal aliado" da Argentina e costumam dizer que seu país "é mais forte" quando está vinculado ao vizinho.

Scioli esteve recentemente com Dilma em Brasília e Macri afirmou aos jornalistas estrangeiros que o Brasil será o primeiro país que ele visitará caso seja eleito. Porém, segundo seus assessores, a participação direta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha do rival não foi bem recebida.

Social

Scioli defende as medidas de inclusão social como essenciais: "Nós temos que avançar a partir das conquistas que já temos e não retroceder".

Ao rebater as acusações do adversário, Macri tem dito que manterá as medidas sociais, mas procura dar ênfase a outros pontos, como a educação. "Que a Argentina volte a ter a melhor educação pública da América Latina", afirma.

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