O presidente da Áustria, Heinz Fischer, afirmou que não houve nenhum tipo de controle ou inspeção do avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, para comprovar se o ex-analista da CIA Edward Snowden estava a bordo durante a escala que a aeronave fez em Viena na terça-feira passada.
Em entrevista publicada neste sábado pelo jornal austríaco Kurier, Fischer explica que Morales optou por aterrissar em Viena ao comprovar que vários países europeus tinham proibido o avião presidencial atravessar seus espaços aéreos com a suspeita de que Snowden, procurado pelos EUA, pudesse viajar de carona.
"Fiquei perplexo ao descobrir, quando já estava perto da fronteira com a França, que o sobrevoo havia sido proibido por alguns países europeus", relatou o chefe de Estado austríaco. Fischer, que reconhece na entrevista não ter conhecimento de que já tenha acontecido uma situação parecida, se dirigiu na quarta-feira de manhã para o aeroporto de Viena para se reunir com Morales.
Quanto a se o avião presidencial foi revistado para certificar que Snowden não estava nele, Fischer explica que, segundo sua informação, confirmada por Morales, o avião pediu permissão para aterrissar com urgência em Viena aparentando problemas técnicos. Diante dessa situação, um funcionário do aeroporto vienense foi ao avião para consultar com o piloto a natureza do problema e constatou que a aeronave estava vazia.
"Ele não olhou sob os assentos. Não houve uma revista formal, mas não havia mais pessoas a bordo", relata o presidente austríaco. Por isso, insiste em que não houve uma inspeção "em sentido técnico" e lembrou que um controle assim não seria legalmente possível.
Durante sua estadia de 13 horas em Viena, Morales denunciou que o embaixador da Espanha na Áustria havia lhe pedido para embarcar no avião, o que o presidente boliviano definiu como uma tentativa de controlar a aeronave oficial. A situação, criada pela escala obrigatória, estremeceu as relações entre Espanha e outros países europeus com a Bolívia, já que La Paz entendeu que o incidente foi uma afronta ao chefe de Estado.
Evo canta o hino nacional boliviano ao lado do vice-presidente Álvaro García Linera
Foto: Reuters
Bolivianos queimam bandeira francesa em frente à embaixada do país, em La Paz. Eles protestam contra o fato de o governo da França ter impedido o presidente Evo Morales de sobrevoar o seu território
Foto: AFP
Bolivianos penduram cartazes em embaixada em La Paz com palavras contra o governo francês
Foto: AFP
Seguidores de Evo Morales se revoltaram contra a decisão que levou o presidente boliviano a fazer uma parada forçada de 13 horas na Áustria
Foto: AFP
Bolivianos acusam a França de agir de acordo com os interesses dos Estados Unidos
Foto: AFP
Avião do presidente boliviano, Evo Morales, pousa em Grã Canária
Foto: EFE
O presidente boliviano, Evo Morales, embarca em seu avião após finalmente ser liberado para deixar a Áustria
Foto: AP
Morales conversa com repórteres no aeroporto de Viena
Foto: AP
Evo Morales conversa com repórteres ao lado do presidente austríaco, Heinz Fischer, no aeroporto Schwchat, em Viena
Foto: AP
Morales passa a noite em saguão no aeroporto de Viena enquanto não possui autorização para reabastecer seu avião e retornar à Bolívia. Em conversa divulgada pela presidente argentina Cristina Kirchner, Morales teria dito: "não vou deixar que revistem meu avião, não sou ladrão"
Foto: EFE
O avião oficial boliviano partiu de Moscou na terça-feira à tarde rumo à Bolívia. Quando se aproximava da França, foi informado que não poderia entrar no espaço aéreo do país. Após negativas de outras nações, decidiu aterrissar em Viena, explicaram fontes bolivianas
Foto: EFE
Lideranças sul-americanas planejam organizar uma reunião da Unasul para apoiar Evo
Foto: EFE
"Parece uma atitude condenável, um ato discriminatório contra a Bolívia e o presidente Evo Morales", disse o ministro da Defesa boliviano, Rubén Saavedra
Foto: EFE
Avião presidencial boliviano, um Falcon 900 EX, fica estacionado em uma das pistas do aeroporto de Viena