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As 'bombas de cocô' que se tornaram 'último recurso' de manifestantes contra Maduro na Venezuela

11 mai 2017 - 07h28
(atualizado às 08h20)
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Em redes sociais e grupos de WhatsApp, os protestos de quarta-feira na Venezuela estão sendo chamados de "marcha da merda".

Há um mês e meio, a Venezuela vive uma onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro
Há um mês e meio, a Venezuela vive uma onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro
Foto: Reuters

O motivo são os coquetéis "cocotov", a mais recente invenção dos opositores que promovem uma onda de manifestações contra o presidente Nicolás Maduro no país.

Como o nome sugere, são potes, frascos, garrafas, latas e sacolas plásticas com fezes. Foi lançando esses projéteis que manifestantes reagiram às bombas de gás lacrimogêneo das forças de segurança.

Frascos, garrafas e sacolas plásticas com fezes viraram armas nas mãos dos manifestantes venezuelanos
Frascos, garrafas e sacolas plásticas com fezes viraram armas nas mãos dos manifestantes venezuelanos
Foto: Reuters
Invenção foi usada em protestos contra o governo de Nicolás Maduro na quarta-feira
Invenção foi usada em protestos contra o governo de Nicolás Maduro na quarta-feira
Foto: Reuters

Entre os opositores, circulam mensagens com instruções detalhadas e conselhos sobre como preparar as "bombas de cocô".

Os coquetéis cocôtov são lançados em reação às bombas de gás lacrimogêneo lançadas por forças de segurança
Os coquetéis cocôtov são lançados em reação às bombas de gás lacrimogêneo lançadas por forças de segurança
Foto: Reuters

Algumas mensagens dizem para evitar frascos de vidro, para garantir que os coquetéis apenas "humilhem" - e não machuquem.

Marielys Valdéz, do Tribunal Supremo de Justiça, entretanto, alertou que os "cocotov" são considerados "armas biológicas" - e que quem for utilizá-los corre o risco de ser severamente punido.

Circulam pela internet conselhos e instruções de como fabricar os coquetéis
Circulam pela internet conselhos e instruções de como fabricar os coquetéis
Foto: Reuters

"O uso de armas químicas, neste caso, fezes de pessoas ou animais, geram consequências não só para quem é o alvo da arma, mas para a população, pode contaminar as águas", destacou.

A apresentadora do canal estatal VTV que entrevistava Valdéz qualificou o uso dos "cocotov" como "bioterrorismo".

Há cerca de um mês e meio, o país tem sido palco de protestos diários contra o governo do presidente Nicolás Maduro. A oposição quer o adiantamento da eleição presidencial e a libertação de presos políticos. Eles também rejeitam a convocação de uma Assembleia Constituinte por Maduro em 1º de maio.

Um dos conselhos diz para evitar frascos de vidro para que bombas só humilhem e não gerem ferimentos
Um dos conselhos diz para evitar frascos de vidro para que bombas só humilhem e não gerem ferimentos
Foto: Reuters

O governo acusa a oposição de tentar dar um "golpe de Estado" e realizar "atos terroristas". Desde que começaram essas manifestações, ao menos 39 pessoas morreram.

As duas vítimas mais recentes morreram na quarta-feira, nos hospitais em que estavam internadas após serem feridas em protestos contra Maduro em duas cidades venezuelanas. As mortes de Miguel Castillo, de 27 anos, em Caracas, e de Anderson Dugarte, de 32 anos, no Estado de Mérida, no oeste do país, foram confirmadas pelo Ministério Público.

Ao menos 177 pessoas ficaram feridas durante o ato promovido pela oposição em Caracas na quarta, segundo informaram as autoridades.

Os opositores do presidente exigem nova eleição presidencial e a libertação de presos políticos
Os opositores do presidente exigem nova eleição presidencial e a libertação de presos políticos
Foto: Reuters

Ainda que tenham sido emitidas advertências no dia anterior quanto à ilegalidade dos coquetéis "cocotov", jovens com os rostos cobertos e capacetes usaram elásticos para lançar "bombas de cocô", pedras e coquetéis molotov.

"Estamos na rua e vamos ficar. Não sairemos até que isso acabe, até que Maduro deixe o governo", disse Luis Orta, um empresário de 52 anos.

O influente apresentador da TV estatal Mario Silva disse em sua conta no Twitter que o uso dos "cocotov" é um "ato de desespero, (...) de loucura".

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