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África

Mali tem presidenciáveis com visões diferentes sobre como enfrentar a crise

10 ago 2013 - 11h28
(atualizado às 13h06)
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O ex-primeiro-ministro Ibrahim Boubacar Keita e o ex-ministro de Finanças Sumaila Cissé, com visões muito diferentes sobre como enfrentar a crise, se enfrentarão neste domingo no segundo turno das eleições presidenciais do Mali.

Keita ou IBK, favorito e claro vencedor do primeiro turno, em 28 de julho, se apresenta como o político com a experiência e a fortaleza necessárias para restabelecer a debilitada autoridade do Estado.

"Convoco os eleitores que fizeram uma escolha diferente no primeiro turno a concederem-me seus votos para construirmos juntos um Mali forte, unido e pacífico", disse IBK em seu perfil no Facebook durante a campanha eleitoral.

Cissé, por sua vez, trabalhou sobre seu perfil tecnocrata e privilegiou a questão econômica, enfocando na necessidade de potencializar o desenvolvimento e de consolidar a paz através do lançamento de um "plano Marshall" para Mali.

"A paz, a estabilidade e a segurança são condições chave para o desenvolvimento econômico e social", destacou Cissé em entrevista publicada recentemente pelo jornal malinês "L'Essor".

Ambos se candidatam a presidir um Mali imerso em uma profunda crise política desde o golpe de estado de 22 de março de 2012 e recém saído de uma guerra que, entre janeiro de 2012 e janeiro de 2013, teve enfrentamentos entre forças regulares e grupos rebeldes aliados a radicais islâmicos no norte do país.

Após terem sido divulgados os resultados do primeiro turno, na qual IBK, que preside o partido Reagrupamento por Mali (RPM) obteve 39% dos votos, e Cissé, da União pela República (UPR), 19%, os dois líderes se lançaram em busca do apoio dos outros 25 candidatos derrotados.

Segundo suas respectivas formações, IBK requisitou o apoio de 20 aspirantes, entre eles o de Dramane Dembelé, candidato do partido majoritário Adema e que ficou em terceiro lugar, com 9% dos votos.

Por sua vez, Cissé obteve o aval do ex-primeiro-ministro Modibo Sidibé, que ficou em quarto lugar, assim como o do Adema, que decidiu tomar distância de seu candidato e pediu a seus simpatizantes que votem no representante da UPR.

Com a balança reequilibrada após as novas alianças, os líderes representam também duas visões distintas sobre o golpe militar de 2012, que dividiu a classe política e a sociedade entre pró e antigolpistas. Detido em abril do ano passado pela Junta Militar golpista, Cissé inscreve-se claramente como representante do segundo grupo.

Por sua vez, IBK optou por manter uma postura ambígua que lhe afastou dos antigolpistas e lhe rendeu o apoio dos pró-golpe Movimento Popular 22 de março (MP22) e do partido Solidariedade Africana pela Democracia e a Independência (Sadi).

Tal postura, reflexo para seus críticos da simpatia existente entre Keita e o líder da junta militar, Amadou Haya Sanogo, também lhe serviu para não ser identificado com a classe política malinesa da era anterior à qual muitos responsabilizam pela situação do país.

"No domingo 11 de agosto, a eleição está clara. Trata-se de escolher entre a mudança e um sistema que fracassou", disse IBK por diversas vezes a seus seguidores na reta final das eleições.

Por sua vez, na recente entrevista a "L'Essor", Cissé declarou que os eleitores deverão escolher entre sua visão dinâmica de um novo Mali ou a visão imóvel de IBK.

Educados na França, os dois candidatos foram companheiros na equipe do presidente Alfa Omar Konaré (1992-2002) quando Keita presidiu o Governo (1994-2000) e Cissé se encarregou de dirigir o Ministério das Finanças (1993-2000).

No entanto, suas carreiras políticas se separaram em 2002, quando ambos concorreram como candidatos às eleições presidenciais nas quais o vencedor foi Amadou Toumani Touré, que repetiu o feito em 2007.

Em 2003, Cissé seria designado comissário por Mali da União Econômica e Monetária de África Ocidental e, um ano depois, eleito presidente da comissão dessa organização, não retornando totalmente à política nacional até 2012.

IBK, por sua vez, nunca deixou a política malinesa em seu empenho por chegar à Presidência. Uma meta que, após os resultados do primeiro turno, nunca esteve tão próxima.

EFE   
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