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Morales se proclama vencedor das eleições na Bolívia

24 out 2019 - 17h05
(atualizado em 25/10/2019 às 19h06)
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Em fala contraditória, presidente disse que resultados apontam sua reeleição no primeiro turno, mas que ele acharia "lindo" disputar uma segunda rodada. Oposição acusa fraude no pleito.O presidente Evo Morales afirmou nesta quinta-feira (24/10) que venceu o primeiro turno nas conturbadas eleições presidenciais na Bolívia, depois de alcançar, segundo os resultados oficiais, uma diferença de 10 pontos percentuais sobre seu adversário Carlos Mesa. Por outro lado, ele mandou uma mensagem contraditória ao afirmar que está aberto a disputar um segundo turno, se os resultados apontarem isso.

"Que lindo seria ir ao segundo turno. Todos da direita vão se unir", afirmou Morales, que está no poder há 13 anos
"Que lindo seria ir ao segundo turno. Todos da direita vão se unir", afirmou Morales, que está no poder há 13 anos
Foto: DW / Deutsche Welle

"Boas notícias ... Nós já vencemos no primeiro turno", disse Morales em uma entrevista coletiva, baseando-se no cômputo oficial da apuração de 98,42% das urnas, que apontou que ele somou 46,83% dos votos frente aos 36,7% de Mesa.

Esse resultado permite que Morales evite uma segunda rodada. O sistema eleitoral na Bolívia considera ganhador ainda no primeiro turno o candidato que obtiver mais de 50% dos votos ou pelo menos 40%, com uma diferença de dez pontos percentuais sobre o segundo colocado.

Evo ainda disse em seguida que ainda aguarda a confirmação e a contagem dos votos restantes. "Vamos defender a democracia e os resultados. Falta apurar algo como 120 mil votos. Se o resultado final diz que vamos ao segundo turno, iremos. Que lindo seria ir ao segundo turno. Todos da direita vão se unir", afirmou.

Enquanto a apuração prossegue, a tensão continua a crescer na Bolívia após as eleições de domingo. Setores da oposição estão convocando manifestações, e Mesa vem afirmando que houve fraude eleitoral no pleito.

As suspeitas surgiram após o Tribunal Supremo Eleitoral do país interromper a divulgação dos resultados na noite de domingo, quando os números indicavam que haveria um segundo turno. Na segunda-feira, uma nova parcial do sistema de contagem rápida apontou Morales na liderança, com 46,87% dos votos, enquanto Mesa aparecia com 36,73%, com 95,3% dos votos computados. Na terça-feira, foi a vez de a contagem interrompida no domingo ser retomada, desta vez mostrando Evo vencedor por estreita margem.

Diante do vai e vem, um relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) indicou "a necessidade de um segundo turno para assegurar o pleno respeito à escolha popular e democrática".

Nesta quinta, Morales questionou o papel da missão da OEA e reclamou que ela tenha feito essa proposta antes que a apuração oficial terminasse.

"Não quero acreditar que a missão da OEA esteja do lado do golpe de Estado", disse, insistindo na tese de que a greve e os protestos são uma tentativa de levante contra ele.

Na véspera, seu adversário, Carlos Mesa, anunciou a formação de uma "Coordenação de Defesa da Democracia" para pressionar pela realização de um segundo turno.

O objetivo da aliança com os partidos da direita e com líderes centristas é "conseguir que se cumpra a vontade popular de definir a eleição presidencial no segundo turno", destacou uma nota publicada no Twitter.

A aliança articulada por Mesa é formada pelo governador de Santa Cruz, Rubén Costas, o candidato de direita Óscar Ortiz, o empresário Samuel Doria Medina, líder da Unidade Nacional (UN, centro direita), e Fernando Camacho, executivo do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, da direita radical, entre outros. A Conferência Episcopal Boliviana (CEB) também defendeu a realização de "um segundo turno, com uma supervisão imparcial, como a melhor saída democrática para o momento que o país vive".

No poder há 13 anos, Morales tornou-se no primeiro presidente indígena e de esquerda do país andino, mas diversos casos de corrupção nos círculos próximos do poder e denúncias de uma guinada autoritária também desgastaram a sua imagem. A decisão de Morales em apresentar-se a um quarto mandato, apesar do "não" no referendo de fevereiro de 2016, foi muito criticada por diversos setores da sociedade boliviana e da oposição.

JPS/efe/afp/rt

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