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Ministra alemã da Agricultura ameaça suspender acordo UE-Mercosul

28 ago 2019 - 11h26
(atualizado às 12h20)
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Julia Klöckner afirma que Brasil assumiu obrigações ambientais ao negociar pacto comercial e sofrerá consequências se não cumpri-las. Ministro alemão do Exterior pede medidas mais vigorosas contra queimadas na Amazônia.A ministra alemã da Agricultura, Julia Klöckner, ameaçou impor consequências ao Brasil em razão das queimadas na Floresta Amazônica, incluindo rever o apoio da Alemanha à ratificação do acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.

"Se o Brasil não cumprir obrigação ambiental, Alemanha não assistirá a isso passivamente", afirmou Klöckner
"Se o Brasil não cumprir obrigação ambiental, Alemanha não assistirá a isso passivamente", afirmou Klöckner
Foto: DW / Deutsche Welle

"O Brasil se comprometeu com o manejo florestal sustentável quando fechou o acordo com o Mercosul. Se o país não cumprir essa obrigação, não assistiremos a isso passivamente", afirmou Klöckner em entrevista ao jornal alemão Die Welt publicada nesta quarta-feira (28/08).

A ministra lembrou que o acordo entre os blocos econômicos da Europa e da América do Sul possui um "capítulo de sustentabilidade com regulamentos obrigatórios". "Se estes não forem cumpridos, as reduções alfandegárias acordadas não poderão existir", alertou. "Trata-se também da nossa credibilidade."

Klöckner disse ainda que conversará sobre a questão com a ministra brasileira da Agricultura, Tereza Cristina, durante sua visita à Alemanha. "Precisamos ajudar o Brasil e outros países a combater o desmatamento e a implementar uma produção agrícola sustentável", afirmou.

O ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, pediu ao Brasil que tome medidas mais vigorosas no combate às queimadas na Amazônia e ofereceu ajuda ao chanceler brasileiro, Ernesto Araújo.

Em um encontro com diplomatas em Berlim, Maas também ressaltou que o Brasil deve ser lembrado das promessas feitas à UE durante a conclusão do acordo com o Mercosul, como a de proteger as florestas tropicais.

"Talvez não devêssemos ficar calados nestes dias atuais", afirmou, referindo-se às declarações da França e da Irlanda a favor da suspensão do acordo comercial com os sul-americanos.

As declarações de Klöckner e Maas podem sinalizar uma mudança no posicionamento do governo alemão em relação ao pacto de livre-comércio. Na semana passada, Berlim se pronunciou contra a suspensão do acordo.

"A não ratificação do acordo com o Mercosul não contribuirá para reduzir o desmatamento na Amazônia", afirmou um porta-voz do governo alemão, mencionando o capítulo de regulamentos vinculativos para a proteção climática. Ele disse que, na visão da Alemanha, um boicote ao pacto não seria uma "resposta adequada" aos incêndios florestais no Brasil.

O tema também tem sido notícia nos veículos da imprensa alemã, que afirmam que o governo brasileiro não dedica esforços suficientes para combater as queimadas e questionam as ligaçãos do presidente Jair Bolsonaro com o agronegócio.

O acordo UE-Mercosul foi fechado em junho, à época da cúpula do G20 no Japão, após 20 anos de negociações. Os parlamentos de todos os países-membros do bloco europeu ainda precisam ratificar o pacto, mas os governos parecem divididos em relação à questão.

RC/ots

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