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Merkel convoca alemães a combater extrema direita

22 jun 2019 - 17h26
(atualizado em 23/6/2019 às 08h38)
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Ao discursar em congresso evangélico, chanceler lembra assassinato recente de político, cujo principal suspeito é um neonazista. Ameaças de morte contra prefeitos engajados a favor de refugiados geram clima de medo.A chanceler federal Angela Merkel convocou os alemães a lutar contra a extrema direita durante um discurso neste sábado (22/06) em congresso da Igreja Evangélica na Alemanha (EKD).

"A extrema direita tem que ser combatida em sua raiz e sem nenhum tipo de tabu", afirmou. "Do contrário, teremos uma perda absoluta de credibilidade", disse Merkel durante a 37ª Jornada da Igreja Protestante Alemã (Deutsche Evangelische Kirchentag), realizada em Dortmund, no oeste da Alemanha.

A chefe de governo alemã fez a declaração semanas depois do assassinato de Walter Lübcke, um político da CDU de Merkel, membro da administração da cidade de Kassel. Ele foi encontrado morto no terraço de sua casa com um tiro na cabeça no começo deste mês. O extremista de direita Stephan E., de 45 anos, foi preso no fim de semana passado em conexão com o homicídio. Ele é considerado o principal suspeito do crime. As autoridades também acreditam que o autor do homicídio tinha cúmplices.

O crime chocou o país, que teme a ascensão do terrorismo de extrema direita. "Não só se trata de um ato terrível, mas de um grande desafio para nós, para que examinemos, em todos os níveis, onde possa haver tendências de direita. Caso contrário, há o risco de que o meio político perca totalmente a credibilidade", disse Merkel.

Ela lembrou ter prometido aos parentes das vítimas do grupo terrorista Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU) esclarecer os assassinatos e investigar as redes de extrema direita que os apoiaram. "Por isso, o Estado tem um desafio, e o governo leva isso muito a sério", disse Merkel.

O NSU praticou uma série de atentados, tendo assassinado dez pessoas, nove delas comerciantes de origem turca ou grega e uma policial, entre 2000 e 2006. Os crimes só foram desvendados anos depois, após o suicídio de dois dos três integrantes da célula, em 2011.

Neste sábado, o ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, advertiu, através do Twitter, que a Alemanha tem um problema com o terrorismo de direita. "Temos mais de 12 mil extremistas de direita violentos em nosso país", ressaltou, acrescentando que 450 deles estão foragidos da Justiça.

Várias centenas de pessoas se reuniram neste sábado para homenagear Walter Lübcke na cidade natal do político, Wolfhagen. Enquanto isso, continua o debate sobre como as autoridades devem combater o extremismo de direita.

O ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, afirmou em uma entrevista à imprensa alemã ser preciso fazer todo o possível para aumentar a segurança contra atentados de extrema direita. "É nosso dever fazer todo o humanamente possível para proteger aqueles que estão ameaçados", sublinhou.

Na quinta-feira, a polícia alemã informou ter aberto investigação depois que pelo menos dois prefeitos de cidades alemãs receberam ameaças de morte por se engajarem em políticas pró-refugiados. O anúncio ocorreu algumas semanas após o assassinato de Walther Lübcke.

Entre os alvos das ameaças estão a prefeita de Colônia, Henriette Reker, que foi esfaqueada no pescoço em 2015 por um extremista de direita durante um evento de campanha eleitoral, e Andreas Hollstein, prefeito da pequena cidade do oeste alemão de Altena, que também foi esfaqueado, em 2017, por um neonazista. Ambos os políticos são conhecidos pelo engajamento a favor de refugiados.

Segundo a mídia alemã, na terça-feira, Reker teria recebido um e-mail com intimidações contra ela e outros políticos, cujo autor afirma que o assassinato de Lübcke foi apenas o primeiro de uma fase de "limpezas" a ser continuada.

MD/afp/efe

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