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Merkel defende mais participação de mulheres na política

23 out 2021 - 11h05
(atualizado às 12h32)
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Chanceler federal afirmou ao jornal alemão Süddeutsche que ter apenas homens na política não se encaixa mais nos dias de hoje e que, para um partido continuar popular, deve atrair mais mulheres para suas fileiras.A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, defendeu que mais mulheres devem ser encorajadas a se envolver na política.

Merkel foi a primeira chanceler mulher da Alemanha
Merkel foi a primeira chanceler mulher da Alemanha
Foto: DW / Deutsche Welle

"Ainda não conseguimos entusiasmar mulheres suficientes para a política", disse Merkel em entrevista publicada na edição deste sábado (23/10) do jornal alemão Süddeutsche.

"Precisamos trabalhar para que as mulheres tenham mais confiança em geral. Porque mesmo quando há mulheres presentes, não é como se elas estivessem disputando a posição de liderança do partido", argumentou.

"Só posso encorajar as mulheres a se envolverem. Só ter homens não se encaixa mais no nosso tempo", acrescentou.

Ela observou que, se uma legenda deseja permanecer como um grande partido popular, deve atrair mais mulheres para suas fileiras e lutar pela paridade de gênero.

Os comentários foram feitos em meio a um acalorado debate na Alemanha nesta semana sobre desigualdade de gênero e sexismo, após acusações de má conduta na empresa de mídia Axel Springer e temores de que a saída de Merkel do cargo de chanceler possa resultar na escassez de mulheres nos altos escalões do governo alemão.

Uma exceção em partido dominado por homens

Há muito tempo, Merkel é uma exceção na elite de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), legenda conservadora e dominada por homens.

Merkel, a primeira mulher chanceler do país, por muito tempo evitou se declarar feminista e demorou a apoiar políticas como cotas de diretoria para mulheres. Ainda assim, em 2018, ela pressionou publicamente a CDU para atrair mais mulheres.

Neste ano, em evento ao lado da escritora feminista nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, Merkel expressou uma mudança de opinião.

"Essencialmente, [o feminismo] trata do fato de que homens e mulheres são iguais, no sentido de participação na sociedade e na vida em geral. E, nesse sentido, posso dizer: sim, sou feminista".

Elogios do papa

Na sexta-feira, o papa Francisco disse que Merkel é um modelo para muitas mulheres no que diz respeito ao engajamento político.

"Considero a liderança de Angela Merkel um marco interessante na política mundial e um apelo às mulheres que sentem uma vocação política", disse o pontífice à agência de notícias argentina Telam.

O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama também elogiou os valores e a capacidade de Merkel para enfrentar as crises globais. Graças a Merkel, "o centro resistiu a muitas tempestades", disse Obama.

Merkel, que não concorreu nas eleições federais de setembro, deve deixar a política após 16 anos como chanceler. E seu partido sofreu uma derrota histórica no pleito. A CDU de Merkel recebeu apenas 24,1% dos votos no pleito geral realizado em setembro, ficando atrás do Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, que por anos atuou como seu parceiro de governo na chamada "grande coalizão".

Paridade de gênero no governo alemão

Merkel provavelmente terá como sucessor o social-democrata Olaf Scholz, atual vice-chanceler e ministro das Finanças. A legenda de Scholz, o Partido Social Democrata (SPD), de centro-esquerda, que obteve a maioria dos votos e negocia uma coalizão com o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP) para formar o próximo governo.

A paridade de gênero pode se tornar um ponto de discórdia entre as siglas, já que as três partes parecem divididas sobre o tema. No entanto, Scholz anunciou que buscará a paridade de gênero em seu gabinete enquanto estiver na chancelaria.

le (dpa, Reuters, AFP)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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