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Líder da bancada ruralista diz que seu nome em ministério é 'especulação'

Deputada Tereza Cristina (DEM-MS) afirmou que não foi convidada para o cargo, mas afirmou que nome está à disposição do novo governo

7 nov 2018 - 09h26
(atualizado às 09h53)
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A deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), presidente da Frente Parlamentar Mista da Agropecuária (FPA), afirmou na manhã desta quarta-feira, 7, que é "pura especulação" a possibilidade de assumir o Ministério da Agricultura no governo de Jair Bolsonaro, mas disse estar disposta a apoiar na transição. "Meu nome no ministério é pura especulação. Nunca fui convidada. Tenho mantido conversas com Onyx Lorenzoni (ministro de Estado extraordinário) sobre os mais diversos assuntos do agronegócio, é uma aproximação natural", disse em entrevista exclusiva à Rádio Eldorado.

A parlamentar se colocou à disposição do novo governo para compor a equipe de transição "como voluntária". Segundo o Estadão/Broadcast, seu nome foi indicado pela FPA e a ideia é fazer um "rodízio" entre os deputados para discutir temas de interesse do setor. Na atual legislatura, a FPA conta com 210 deputados e 26 senadores, de acordo com levantamento do Estado.

Em relação às declarações do presidente eleito de que pretende transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, que fez o Egito adiar uma viagem do embaixador brasileiro ao país, Tereza Cristina afirmou que uma retaliação seria "perigosa" para o agronegócio. "Não temos acordos bilaterais que protejam os produtos de exportação brasileira para o mundo árabe. O governo terá que inaugurar uma nova fase para fazer acordos de maneira mais incisiva. Queremos mais segurança nesses acordos para que retaliações não aconteçam". Ela afirmou, no entanto, que vê Bolsonaro disposto a dialogar.

Dias após o anúncio da transferência, o governo do Egito, importante comprador de proteína animal e açúcar do Brasil, adiou sem previsão uma visita oficial que o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, faria ao país entre 8 e 11 de novembro com empresários brasileiros. Alguns deles já estavam no país e vão retornar sem participar de rodadas de negócios.

Atualmente, apenas Estados Unidos e Guatemala mantêm embaixadas em Jerusalém. Pela falta de consenso na comunidade internacional, 86 das 88 embaixadas em Israel estão localizadas em Tel Aviv. Israel considera Jerusalém sua "capital indivisível", mas os palestinos reivindicam uma parte da cidade como capital de seu futuro Estado. Os países árabes apoiam a Palestina nessa questão e poderiam buscar novos fornecedores para os produtos que adquirem do Brasil como uma retaliação à medida.

Questionada sobre a eventual fusão do ministério da Agricultura com o do Meio Ambiente, a deputada respondeu que o principal objetivo do setor agropecuário é "não ter conflitos com os mercados internacionais". "Há muitas barreiras comerciais (aos produtos agrícolas brasileiros) ditas sanitárias ambientais. O mercado lá fora começou a ter resistência com isso (a união dos ministérios)". Na terça, Bolsonaro voltou atrás e disse que, após ouvir integrantes dos dois setores, provavelmente não haverá a fusão.

Reforma da Previdência

Perguntada sobre um eventual apoio à reforma da Previdência, Tereza Cristina afirmou que o assunto ainda não foi debatido entre os parlamentares. "Se o presidente realmente achar que para o governo dele começar bem é preciso tratar desse tema, vamos tratar na bancada e discutir. E vermos se vamos apoiar como bancada ou individualmente", disse à Rádio Eldorado.

Sobre o fato de nenhuma mulher integrar o governo, Cristina minimizou a questão. "Ele não tem obrigação nenhuma de colocar mulher, mas faz bem se puser. A preocupação do setor não é mulher. A preocupação nossa é o presidente realmente fazer o que tem falado. No que tange à agricultura e à pecuária, a gente concorda na maioria das coisas que ele vem pregando".

Criada em 2015 com assinaturas de 198 deputados e 27 senadores, a FPA surgiu para atuar em assuntos de interesse do setor como política agrícola, meio ambiente, direito de propriedade, relações internacionais e defesa sanitária. Na entrevista, Cristina defendeu uma maior flexibilização e diminuição das "amarras" na área do meio ambiente. "Precisa mudar o espírito de multar, esse ambientalismo de terrorismo. Não podemos viver nessa insegurança. Quantos investimentos grandes demoram anos para sair do papel porque as exigências não são claras?", questionou.

Estadão
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