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Justiça autoriza quebra de sigilo de Flávio Bolsonaro e Queiroz, diz jornal

Decisão atende a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro; ao 'Estado', senador criticou investigação

13 mai 2019 - 20h22
(atualizado às 20h49)
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RIO - A Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) autorizou a quebra de sigilo bancário do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e de seu ex-assessor Fabrício Queiroz. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo. A decisão, do dia 24 de abril, atende a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).

Além de Flávio e de seu ex-assessor, terão o sigilo bancário quebrado a mulher do senador, Fernanda Bolsonaro, e uma empresa deles, Bolsotini Chocolates e Café Ltda. As duas filhas de Queiroz, Nathalia e Evelyn, além da mulher dele, Márcia, também terão suas movimentações bancárias investigadas. Ainda segundo O Globo, a quebra de sigilo bancário foi autorizada no período que vai de janeiro de 2007 a dezembro de 2018.

Filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, Flávio passou a ser investigado após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar movimentação financeira considerada atípica na conta corrente de Queiroz. O caso foi revelado pelo Estado. O relatório do Coaf apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta do ex-asssessor - entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

Outros 88 funcionários ou ex-funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro, da época em que ele era deputado estadual no Rio de Janeiro, também terão seus dados bancários analisados. Entre eles estão Danielle Nóbrega e Raimunda Magalhães, irmã e mãe do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega, apontado como um dos líderes do Escritório do Crime, uma das principais milícias do Rio.

Em entrevista exclusiva ao Estado publicada no domingo, Flávio Bolsonaro criticou a investigação do MPRJ e disse que estava sendo perseguido. "Para que esse pedido, se meu extrato já apareceu na televisão? Eles querem requentar uma informação que conseguiram de forma ilegal", disse.

Nesta segunda, logo após a informação de que a Justiça havia autorizada a quebra de seu sigilo bancário, o senador voltou a se defender atacando o Ministério Público. "O meu sigilo bancário já havia sido quebrado ilegalmente pelo MP/RJ, sem autorização judicial. Tanto é que informações detalhadas e sigilosas de minha conta bancária, com identificação de beneficiários de pagamentos, valores e até horas e minutos de depósitos, já foram expostas em rede nacional após o Chefe do MP/RJ, pessoalmente, vazar tais dados sigilosos", afirmou, em nota ao Estado.

Assista a entrevista exclusiva de Flávio Bolsonaro ao 'Estado'

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"Somente agora, em maio de 2019 - quase um ano e meio depois - tentam uma manobra para esquentar informações ilícitas, que já possuem há vários meses. A verdade prevalecerá, pois nada fiz de errado e não conseguirão me usar para atingir o governo de Jair Bolsonaro", prossegue o texto do senador.

O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, esquivou-se de comentar há pouco a quebra de sigilo de Flávio, filho do presidente Jair Bolsonaro, e do ex-assessor Fabrício Queiroz. Ele negou que o presidente tenha se referido à medida judicial na sexta-feira passada, dia 10, ao citar a vinda de um "tsunami" para o governo. "O presidente deveria ser vidente para, falando de tsunami na semana passada, identificar que seria alguma coisa referente à quebra de sigilo do senador Flávio Bolsonaro", afirmou Rêgo Barros.

MP diz que Flávio 'direciona esforços para interromper investigações'

Nesta segunda--feira, o Ministério Público do Rio de Janeiro afirmou Flávio tem direcionado seus esforços para tentar interromper investigações sobre movimentações financeiras atípicas em seu gabinete de deputado estadual no Rio e se recusa a prestar esclarecimentos aos procuradores embora já tenha sido convidado diversas vezes. A nota oficial do MP foi divulgada em resposta a uma entrevista exclusiva concedida pelo senador ao Estado. "O Ministério Público do Rio de Janeiro repudia com veemência as declarações de Flávio Bolsonaro", informou a nota. "O MPRJ reafirma que sua atuação é isenta e apartidária."

O MP concluiu a nota informando que "o senador Flávio Bolsonaro tem direcionado seus esforços para invocar o foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal ou mesmo tentar interromper as investigações, como o fez junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, fato amplamente notificado nos meios de comunicação."

Defesa de Queiroz não comenta declaração de Flávio sobre ex-assessor

Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL); Coaf apontou movimentações financeiras atípicas em sua conta
Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL); Coaf apontou movimentações financeiras atípicas em sua conta
Foto: Reprodução/SBT / Estadão

A defesa de Fabrício Queiroz não quis comentar as declarações de Flávio de que é o ex-assessor quem precisa explicar as atípicas movimentações financeiras de R$ 1,2 milhão registradas pelo Coaf. Em entrevista ao Estado, o senador disse "achar estranho" as duas versões apresentadas por Queiroz. "Ele tem que explicar qual é a verdade. Ele que sabe", afirmou Flávio. Primeiro, Queiroz disse que vendia carros e depois alegou que pegava dinheiro dos funcionários para aumentar o número de servidores no gabinete.

Ao Estado, Flávio negou que tenha cometido irregularidades e pedido que seus funcionários devolvessem parte do salário. O senador diz que "talvez seu maior erro" tenha sido "confiar no funcionário" com quem trabalhou por mais de dez anos e que, inclusive, frequentava sua casa.

Nesta segunda-feira, após O Globo revelar que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) autorizou a quebra de sigilo de Flávio, Queiroz e se seus familiares, a defesa divulgou uma nota dizendo receber a notícia com "tranquilidade".

"A defesa de Fabrício Queiroz e família recebe a notícia com tranquilidade, uma vez que seu sigilo bancário já havia sido quebrado e exposto por todos os meios de comunicação", diz a nota. O texto diz ainda se tratar de "mera tentativa de dar aparência de legalidade a um ato que foi praticado de forma ilegal". /COLABORARAM NAIRA TRINDADE, FELIPE FRAZÃO E JULIA LINDNER, DE BRASÍLIA, E ROBERTA JENSEN, DO RIO

Estadão
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