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Jucá critica Marun e diz que precisa ter 'nervos de aço' na campanha

Presidente do MDB, senador afirma que ministro 'não tem autoridade partidária' para pedir desistência de Henrique Meirelles da pré-candidatura

5 jun 2018 - 21h56
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BRASÍLIA - O presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), elevou o tom em relação ao ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, para quem o ex-titular da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) e outros pré-candidatos de centro ao Palácio do Planalto deveriam retirar os nomes da disputa, na tentativa de construir uma chapa única. Irritado, Jucá disse que Marun, apesar de ser do MDB, "não tem autoridade partidária" para sugerir isso.

"Discordo frontalmente dele. Essa proposta é uma típica criação do Marun, que nem sequer falou comigo antes", afirmou o presidente do MDB ao Estado. "Como diria Lupicínio Rodrigues, precisamos ter nervos de aço nessa campanha."

Marun enviou na segunda-feira, 4, a líderes de partidos aliados, na Câmara e no Senado, uma proposta prevendo um pacto entre as siglas que apoiaram o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016. A ideia do ministro é que cada partido indique dois nomes para uma comissão que prepararia, em 15 dias, um plano conjunto de governo.

Após uma semana de discussão sobre o programa, um colegiado formado por deputados e senadores desse bloco aprovaria o plano e, em votação de dois turnos, bateria o martelo sobre os candidatos a presidente e a vice do grupo. "Não se cria comissão para decidir candidato. Isso não é prova oral em banca de universidade", reagiu Jucá, sem esconder a contrariedade com Marun.

"O candidato tem de ir para a rua e ser testado. O MDB não vai retirar a candidatura de Meirelles e temos confiança no seu crescimento. Não podemos botar o carro na frente dos bois." O ex-ministro da Fazenda participará, nesta quarta-feira, de uma reunião com a bancada do MDB na Câmara. Até agora, ele aparece com patamares que variam de 0,3% a 1,4% das intenções de voto nas pesquisas eleitorais.

Em entrevista ao Estado, publicada nesta terça, Marun afirmou que o centro político está fadado à derrota nas eleições ao Planalto, caso não se alie para a construção de um projeto único de poder. "O problema é que não existe até hoje no centro um candidato com musculatura eleitoral que atraia. Existem candidatos com extremas dificuldades eleitorais, o tempo está passando e a coisa não avança. Ao contrário", insistiu o ministro responsável pela articulação política do governo Michel Temer.

"Todos são ruins como candidatos nesse momento. Ou os partidos que fizeram o impeachment (da então presidente Dilma Rousseff) se unem ou é a derrota, porque o segundo turno será entre os extremos."

Marun fez questão de destacar que falava em "nome pessoal", e não do governo nem do MDB. Sua ideia, no entanto, provocou polêmica logo no domingo à noite, quando ele expôs pela primeira vez a proposta, ao participar do programa Canal Livre, da Band.

Na ocasião, expôs o aborrecimento com Meirelles, que afirmou não querer ser visto como o representante da gestão Temer nas eleições. "Estou tirando o rótulo. Por exemplo, não sou o candidato do mercado, não sou o candidato do governo, não sou o candidato de Brasília. A minha proposta é a (...) do meu histórico", afirmou Meirelles ao Estadão/Broadcast.

Ao Canal Livre, Marun atacou o pré-candidato do MDB. "Vejo gente preocupada em perder voto por estar do lado do governo. Mas que voto? Quantos votos tem o Meirelles?", provocou o ministro. Na segunda-feira, os dois trocaram mensagens pelo WhatsApp. Em uma delas, o ex-ministro disse que o seu rótulo, na campanha, seria o do desenvolvimento.

Ao encaminhar sua proposta de pacto a líderes dos partidos aliados no Congresso no mesmo dia em que alguns deles participavam do lançamento do manifesto "Por um Polo Democrático e Reformista", Marun provocou dúvidas sobre a chancela do governo à sua ideia. Reiterou, porém, que se tratava de iniciativa pessoal. "É uma manifestação sob a ótica dele de fazer política", criticou Jucá, que também é líder do governo no Senado.

Há 15 dias, quando lançou a pré-candidatura de Meirelles, Temer disse que quem não quisesse apoiar o ex-titular da Fazenda deveria deixar o MDB. "Precisamos de unidade absoluta", justificou o presidente, na ocasião.

Estadão
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