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Jornalista das Filipinas é solta sob fiança após prisão gerar revolta

14 fev 2019 - 09h27
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A diretora de um site de notícias das Filipinas conhecida por seus atritos com o presidente Rodrigo Duterte foi solta sob fiança nesta quinta-feira, um dia depois de sua prisão amplamente criticada, resultante de acusações de calúnia que críticos dizem ser um esforço do governo para assediar jornalistas.

Jornalista Maria Ressa dá entrevista após deixar prisão em Manila
14/02/2019 REUTERS/Eloisa Lopez
Jornalista Maria Ressa dá entrevista após deixar prisão em Manila 14/02/2019 REUTERS/Eloisa Lopez
Foto: Reuters

Maria Ressa, diretora premiada do Rappler, recebeu um mandado de prisão ao vivo na televisão em seu escritório na quarta-feira devido ao que agências reguladoras da mídia disseram ser acusações forjadas que visam intimidar aqueles que contestam o governo Duterte.

"Para mim se trata de duas coisas: abuso de poder e o uso da lei como arma", disse Maria.

"Vocês têm que expressar revolta, e fazê-lo já. A liberdade de imprensa não diz respeito só aos jornalistas, não diz respeito só a nós, não diz respeito só a mim, não diz respeito só ao Rappler. A liberdade de imprensa é o fundamento de todo e qualquer direito de todo filipino à verdade", afirmou ela aos repórteres depois de pagar a fiança.

Maria é acusada de calúnia cibernética por causa de um artigo de 2012, atualizado em 2014, que conectou um empresário a assassinato e tráfico de pessoas e drogas. O site citou informações contidas em um relatório de inteligência, mas não disse qual agência o compilou.

O advogado do empresário disse que as informações estão erradas, que o artigo é difamatório e que seu cliente quer limpar o nome.

Duterte não esconde seu descontentamento com o Rappler e se desentendeu várias vezes com seus repórteres, conhecidos por apurar suas diretrizes e indicações e por questionarem a exatidão de seus comentários abrangentes e com frequência belicosos.

DESESTÍMULO À CRÍTICA

O noticiário do Rappler acusou sua gestão de criar um "ecossistema" nas redes sociais concebido para defender Duterte, ameaçar e desacreditar seus oponentes e desestimular a crítica nos cidadãos suscitando o medo de serem atacados por trolls na internet. O governo nega as acusações.

Certa vez Duterte insinuou que o Rappler é de propriedade norte-americana e que por isso pode ser ligado à Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA). Ele classificou o site como um "veículo de notícias falsas" e proibiu um de seus repórteres de cobrir seus eventos.

Foi a primeira vez que Maria foi presa, mas ela disse que foi a sexta vez que foi acusada e recebeu direito de sair sob fiança.

O porta-voz presidencial, Salvador Panelo, disse que o caso de calúnia não tem nada a ver com o governo e que Duterte não tem interesse em punir jornalistas.

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