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Irã minimiza incêndio em instalação nuclear do país

3 jul 2020 - 09h35
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Teerã afirma que incidente não causou feridos e que local continua funcionando normalmente. Prédio afetado seria uma nova fábrica de centrífugas para enriquecimento de urânio.A autoridade nuclear do Irã minimizou um incêndio ocorrido no complexo nuclear subterrâneo de Natanz, no centro do país, nesta quinta-feira (02/07). A Organização de Energia Atômica do Irã confirmou ter ocorrido um "incidente" nas instalações, mas acrescentou que este não causou danos.

"O incidente ocorreu em um lugar a céu aberto perto da instalação nuclear de Natanz. Não houve feridos, e a instalação está operando normalmente", afirmou o porta-voz da organização, Behrouz Kamalvandi, citado pela agência iraniana Tasnim.

"Há danos físicos e financeiros, e estamos investigando para avaliar", frisou Kamalvandi, em entrevista à televisão estatal iraniana. "Não houve interrupção nos trabalhos da unidade de enriquecimento."

Imagens divulgadas pela organização mostram um edifício parcialmente afetado por um incêndio. O prédio foi identificado por análises feitas por especialistas nos EUA em fotos de satélite como uma nova fábrica de montagem de centrífugas de enriquecimento de urânio. Essas centrífugas podem ser usadas para fabricar combustível para reatores atômicos e também armas nucleares.

Segundo relatos na imprensa britânica e dos EUA, uma explosão seguida de incêndio teria danificado um prédio das instalações nucleares de Natanz, uma das principais do Irã.

O lugar havia sido antes alvo de ataques cibernéticos. Nele, as atividades de enriquecimento de urânio foram reforçadas no ano passado, em meio a uma série de medidas implementadas pelo governo de Teerã para se distanciar dos compromissos assumidos no acordo nuclear internacional de 2015.

O pesquisador Fabian Hinz, do James Martin Center for Nonproliferation Studies, que integra o Instituto Middlebury de Estudos Internacionais em Monterey, na Califórnia, considerou o incêndio "muito, muito suspeito", devendo ter provocado avultados danos nas instalações. "Vai atrasar bastante o avanço da tecnologia de centrifugação em Natanz", disse.

No começo de janeiro, o governo do Irã anunciou que ia deixar de cumprir "quaisquer limitações" impostas ao programa nuclear do país pelo acordo, afirmando a adoção do quinto e definitivo passo para eliminar a última restrição técnica imposta ao programa: o abandono do limite ao número de centrífugas que o país pode ter.

As medidas do governo iraniano foram uma resposta à saída unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear firmado em Viena, anunciada em maio de 2018. Em seguida, os EUA voltaram a impor sanções econômicas ao regime em Teerã, que tinham sido suspensas após o pacto, visando obrigar o regime iraniano a aceitar um acordo mais rígido.

Um ano após a retirada dos EUA do acordo, em maio, o Irã também começou a se retirar gradualmente das disposições do pacto. Entre outros motivos, como forma de pressionar os integrantes do acordo restantes. O acordo nuclear permite ao Irã usar a energia nuclear pacificamente, mas não permite o desenvolvimento de armas nucleares.

MD/rtr/ap/lusa

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