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Irã anuncia prisão de envolvidos em derrubada de avião

14 jan 2020 - 11h14
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Autoridades não confirmam nomes ou quantidade de pessoas detidas. Derrubada de aeronave ucraniana provocou protestos contra o regime islâmico, com muitos pedindo a renúncia do líder supremo, o aiatolá Khamenei.Autoridades judiciárias do Irã anunciaram nesta terça-feira (14/01) que prenderam pessoas acusadas de envolvimento na derrubada do avião de passageiros ucraniano, mas não mencionaram os nomes ou a quantidade de pessoas detidas. As prisões ocorrem num contexto de tensão no Irã, enquanto os líderes do regime islâmico são alvos de protestos e acusações de acobertamento.

Cartazes contra o presidente do Irã, Hassan Rohani (esq.), e o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei
Cartazes contra o presidente do Irã, Hassan Rohani (esq.), e o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei
Foto: DW / Deutsche Welle

O abate da aeronave da Ukraine International Airlines, em Teerã, que teria ocorrido de forma não intencional, matou todas as 176 pessoas a bordo e gerou um dos maiores desafios aos clérigos islâmicos que controlam o país desde a Revolução Islâmica de 1979.

Inicialmente, Teerã havia se recusado a assumir a culpa pelo incidente. Mas, no último sábado, o governo, admitiu que o avião foi abatido acidentalmente durante o lançamento de mísseis contra bases dos Estados Unidos no Iraque em retaliação à morte do general iraniano Qassim Soleimani.

O general Amir Ali Hajizadeh, chefe da força aeroespacial da Guarda Revolucionária, disse que um operador do sistema de defesa antiaéreo confundiu o Boeing 737-800 com um míssil de cruzeiro dos EUA, em um momento em que as defesas aéreas do país estavam em alerta máximo.

O abate do avião mudou o clima no país. Entre os mortos estão muitos iranianos que vivem no exterior. Uma vigília em frente à Universidade Amir Kabir em Teerã se transformou num protesto furioso, com os manifestantes exigindo a punição dos responsáveis. A liderança do país vem sendo acusada de acobertar o caso e de incompetência por não ter fechado o espaço aéreo durante uma noite de confrontos com os americanos.

As manifestações contra o regime já seguem pelo terceiro dia consecutivo, em meio a denúncias de violenta repressão policial. Imagens de vídeo mostravam pessoas feridas, poças de sangue nas ruas e sons que se assemelham a tiros sendo disparados. As fortes restrições ao trabalho da imprensa tornam difícil calcular a dimensão dos protestos.

Nesta terça-feira, autoridades judiciárias iranianas anunciaram as primeiras prisões de pessoas ligadas ao incidente, após "investigações extensivas". O anúncio veio pouco depois de o presidente iraniano, Hassan Rohani, pedir a punição de "qualquer um que seja culpado ou tenha sido negligente em qualquer nível", em relação ao que chamou de "erro imperdoável".

"O Judiciário deve formar um tribunal especial com um juiz de alto escalão e dezenas de especialistas. O mundo está observando." disse Rohani. "Não é possível que apenas a pessoa que tenha apertado o botão seja culpada. Há outros, e quero que isso seja explicado com honestidade para o nosso povo."

O incidente aumentou a pressão internacional sobre o Teerã, após meses de tensões com os Estados Unidos e ataques retaliatórios de ambos os lados, culminando no assassinato de Soleimani no dia 3 de janeiro e o ataque iranianos a bases americanas no Iraque na última quarta-feira.

Representantes da Ucrânia, Canadá, Reino Unido e de outros países que também tiveram cidadãos mortos no incidente se reunirão em Londres na próxima quinta-feira, para discutir possíveis ações legais contra o Irã.

Antes do acirramento das tensões, o país já se encontrava em situação precária após a série de sanções impostas pelos EUA, depois de Washington abandonar o acordo nuclear entre potências ocidentais e Teerã. As medidas, que abalaram a economia do país, geraram amplo descontentamento na população.

Há dois meses, o governo reprimiu com brutalidade uma série de protestos ocorridos no país, considerados os mais graves desde a Revolução Islâmica, com relatos sobre centenas de mortos. Nas manifestações mais recentes, multidões protestam contra os líderes religiosos e o sistema teocrático do país. Muitos pedem a renúncia do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.

Imagens mais recentes postadas nas redes sociais mostravam protestos ocorrendo em Teerã e outras cidades, com pessoas gritando slogans contra o regime e queimando cartazes com a figura de Soleimani.

RC/ap/rtr/afp

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