Paixão pelo Brasil

O emblema de uma cadeia de fast-food de Teerã é um jogador brasileiro de futebol usando uma pena de índio no cabelo

Pode não parecer muita coisa, mas o simpático sorriso de funcionários de setor consular em Embaixadas iranianas pela Europa ao ver um passaporte brasileiro serve de indicativo inicial da boa imagem do Brasil no país dos aiatolás e facilita bastante a vida de turistas e homens de negócio rumando ao Irã na hora da obtenção do visto.

A admiração iraniana pelo Brasil permeia a sociedade e o governo local, apesar dos recentes soluços nas relações bilaterais por conta da posição mais firme adotada pelo Governo de Dilma Rousseff em relação aos direitos humanos no país.

Talvez possa ser um pouco surpreendente escutar canções como “Águas de Março” em um táxi ou restaurante de Teerã, mas isso não chega a ser algo tão raro. A maioria dos iranianos abre um enorme sorriso ao escutar que o visitante é brasileiro. Com ar de incredulidade, perguntam o porquê da visita.

O diálogo geralmente é seguido por uma série de perguntas sobre o carnaval, o Rio de Janeiro, o ex-presidente Lula, a atual presidente Dilma Rousseff e a floresta amazônica. Por fim – e invariavelmente – o assunto termina com a verdadeira paixão iraniana: o futebol.

Não importa se o interlocutor é homem ou mulher, jovem ou velho, intelectualizado ou gente simples do interior. Os iranianos são capazes de listar dezenas de nomes de jogadores brasileiros do passado e da atualidade, escalar seleções completas e fazer análises detalhadas dos jogos recentes da seleção canarinha.

E, caso tenham algum parente que por ventura prefira a seleção argentina, admitem o fato quase que se desculpando.

Frequentemente, os iranianos admitem que sonham em conhecer o Brasil, pedem informações sobre o país e dicas de como conseguir um visto de turista. Pequenos presentes e constantes boas-vindas são dados ao visitante brasileiro graças a sua nacionalidade.

“Os iranianos tem um certo encantamento pelo Brasil. É uma visão quase mágica de um país simpático com o qual se identificam – um país de terceiro mundo que começa a dar certo, que não tem amarras em sua política internacional por não pertencer ao clube europeu ou ao time dos EUA”, diz o empresário Reza Sadi, que já visitou o Brasil e passa boa parte do ano viajando entre o Irã e a Turquia.

“O fato de Lula ter visitado o Irã e ter feito uma proposta mais aceitável para o regime juntamente com a Turquia fez a admiração do iraniano comum pelo Brasil crescer ainda mais. Independentemente das questões e preferências políticas de cada iraniano há um enorme senso de orgulho nacional por conta de nossa rica história e tradição. O fato de o mundo nos ver como um bando de fanáticos incomoda muito aos iranianos. Há uma certa sensação de que o Brasil é um dos poucos países ocidentais que enxerga além deste estereótipo e isso faz com que o afeto dos iranianos pelos brasileiros seja ainda maior”, conclui Sadi.