Um país simpático

A imagem popular do Irã não está entre as melhores do mundo. Tente dizer a qualquer amigo seu que está pensando em ir passar férias no país e você provavelmente terá como resposta indagações sobre sua sanidade mental.

O país dos aiatolás geralmente é associado a extremismo religioso, terrorismo internacional, homens barbados, mulheres cobertas da cabeça aos pés e um alto nível de insegurança institucional, que pode facilmente “transformar” um turista em espião dependendo da maré diplomática em que as relações entre seu país e o Irã se encontram.

Enquanto parte da imagem popular deriva de atitudes tomadas pelo regime que impera no país nas últimas três décadas e de uma boa dose de sensacionalismo televisivo, a realidade no país pode surpreender. Sim, há realmente homens barbados e várias mulheres totalmente recobertas pelo xador, traje islâmico típico do país. Entretanto, o que mais espanta no contato com os iranianos e que derruba os estereótipos é mesmo a simpatia, o calor humano, o sorriso fácil dos habitantes do país persa.

Não importa se você está caminhando pelas

caóticas ruas de Teerã ou passando por uma pequena vila do interior do país. As pessoas sempre demonstram curiosidade em relação ao visitante, delicadeza no trato e se esforçam para ajudar turistas e estrangeiros a se localizarem.

A acolhida calorosa se estende a mais do que simples palavras. Está perdido em Teerã? Não será estranho se um iraniano sair de seu caminho só para guiá-lo até onde deseja chegar. E não se surpreenda caso a família sentada na mesa a seu lado no restaurante pagar pelo seu jantar pelo simples fato de você ser um visitante em seu país. Convites para visitas e estadias na casa de pessoas que você mal acabou de conhecer em um ônibus ou em algum dos muitos parques que pontilham as cidades do país são também comuns.

"As pessoas pensam que somos todos terroristas e fanáticos religiosos, mas existe um grande senso de comunidade, amizade e respeito pelo país. Gostamos de tratar bem aqueles que nos visitam. Não importa de onde venham, pessoas boas sempre são bem-vindas sem qualquer relação com sua nacionalidade ou religião", diz o consultor Farshid Ghassemi, 29 anos, natural de Teerã.

Apesar de haver poucos estrangeiros no país, Farshid diz gostar da oportunidade de conhecer pessoas novas e mostrar que seu país não é exatamente como as pessoas imaginam. Sua atitude é similar à de muitos outros de seus compatriotas que sempre fazem questão de saber se o visitante está sendo bem tratado e se está gostando do país. A curiosidade sobre o que motivou a visita ao Irã é também incessante – assim como a compulsão dos iranianos em fazer com que o visitante prove absolutamente tudo o que existe de único e especial na deliciosa cozinha local.

Se você pensava que as pessoas viviam amedrontadas pelo regime teocrático do país, enclausuradas em mesquitas e gritando slogans antiamericanos pelas ruas de Teerã, prepare-se: o país é muito mais complexo e profundo do que isso – e o povo iraniano é uma das primeiras e melhores surpresas no país.

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