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Hanau: "Direitos humanos em vez de gente de direita"

22 fev 2020 - 15h26
(atualizado às 19h02)
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Na cidade palco do atentado de motivação racista que fez nove vítimas, milhares se manifestam contra o ódio e a incitação à violência. Ativista adverte contra tratar o assassino como um caso patológico.Milhares se reuniram na Freiheitsplatz (Praça da Liberdade), no centro da cidade alemã de Hanau, neste sábado (22/02). Os organizadores, da aliança Solidariedade Em Vez de Divisão, contaram um total de 6 mil participantes. Muitos portavam cartazes, com dizeres como "É preciso primeiro alguém matar, para que vocês se indignem?", "Direitos humanos em vez de gente de direita", "Fascismo e racismo matam por toda parte" ou "A AfD atirou junto".

"Fascismo e racismo matam por toda parte", diziam cartazes em Hanau
"Fascismo e racismo matam por toda parte", diziam cartazes em Hanau
Foto: DW / Deutsche Welle

Durante a manifestação, diversos oradores expressaram consternação e ira diante dos assassinatos de motivação racista da última quarta-feira. "Não devemos patologizar o criminoso", alertou Patrucija Kowalska, da campanha Nada da de Ponto Final, de Munique. O planejamento do ato teriam seguido a lógica pérfida dos ataques terroristas de direita ocorridos em outros locais, e as causas dessa violência seriam racismo e antissemitismo, afirmou.

Familiares das vítimas também falaram ao público. Segundo um deles, se trataria de um ato bárbaro e uma investida contra toda a sociedade, que agora deve permanecer coesa. "A ferida não vai sarar, mas a solidariedade nos ajuda", disse outro: as vítimas todas nasceram e cresceram na cidade, "eram todas filhas de Hanau".

A multidão seguiu pela cidade até um dos locais do crime. Além disso, durante todo o dia os cidadãos depositaram flores no monumento aos Irmãos Grimm, na praça Markplatz, acenderam velas ou homenagearam os mortos em silêncio.

Representantes da comunidade curda na Alemanha e o deputado de origem turca Cem Özdemir igualmente prestaram homenagem às vítimas. O político do Partido Verde disse esperar "que este ano entre para a história como aquele em que a República [da Alemanha] levou a sério o combate ao radicalismo de direita".

Em 19 de fevereiro de 2020, Tobias R., de 43 anos, assassinou a tiros em Hanau nove cidadãos de origem estrangeira, em dois bares de narguilé. Em seguida, o atirador esportivo alemão matou a mãe de 72 anos e se suicidou. Segundo os dados disponíveis, ele tinha disposição racista e era psiquicamente enfermo.

O Departamento Criminal do estado de Hessen alertou via Twitter contra informações falsas relacionadas ao atentado, pois no momento circula nas redes sociais um grande número de especulações sobre a sequência dos acontecimentos, partindo de diversas fontes.

Também em outras cidades alemãs, milhares foram às ruas em protesto contra o terrorismo de direita. Numa das manifestações, o prefeito de Marburg, Thomas Spies, classificou o racismo como "um veneno perfeitamente quotidiano", contra o qual "precisamos agir conjuntamente".

Apesar do Carnaval em andamento no estado vizinho da Renânia do Norte-Vestfália, nas cidades de Colônia, Bonn e Düsseldorf milhares voltaram a se reunir em vigílias e manifestações contra a ultradireita. Houve também protestos em Dortmund e Bielefeld.

AV/afp,epd,dpa

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