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Hamas aceita devolver poder em Gaza à Autoridade Palestina

17 set 2017 - 08h03
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Se bem-sucedido, acordo anunciado pelo movimento islâmico poderá ajudar a fechar disputa de uma década com o partido de Mahmoud Abbas, o Fatah, que reage com cautela ao anúncio do grupo rival.O movimento Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde que expulsou as forças leais à Autoridade Nacional Palestina (ANP) em 2007, anunciou neste domingo (17/09) que dissolverá o Comitê Administrativo para administrar o enclave e que aceita realizar eleições gerais.

O movimento de resistência islâmica informou ter aceitado as condições exigidas pelo rival e líder da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, para a reconciliação entre os dois governos. Em comunicado, o Hamas afirmou "responder aos esforços do Egito, que refletem a vontade de pôr fim à separação e conseguir a reconciliação" e ao "desejo palestino de alcançar a unidade nacional".

O Hamas declarou ainda ter dissolvido a comissão encarregada da administração da faixa de Gaza, convidado o governo de Abbas a regressar ao enclave e estar pronto a realizar novas eleições em Gaza e na Cisjordânia, controlada pelo partido Fatah de Mahmoud Abbas.

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O terceiro ponto do comunicado anuncia que o movimento islâmico "concorda em realizar eleições gerais", que não são realizadas nos territórios palestinos desde 2006 devido à incapacidade de Fatah e Hamas de entrarem em acordo para fazê-las simultaneamente na Cisjordânia e em Gaza.

O grupo acrescenta também que "está disposto a aceitar a oferta egípcia para um diálogo com o partido Fatah com vista à implementação do Acordo do Cairo", assinado em 2011 e que estabelece pautas para a reconciliação. Esse pacto, ao qual aderiram as 11 facções palestinas e que não chegou a ser posto em prática, devolvia o poder de gestão administrativa do território à ANP, ainda que mantivesse parte do poder do Hamas no aparelho de segurança e policial.

Entre novas medidas, estabelecia-se um controle misto dos postos fronteiriços e a absorção dos agentes de segurança do Hamas na nova polícia que seria formada.

Dez anos de divisão

Desde 2007, os palestinos estão divididos entre dois governos rivais, na sequência da vitória eleitoral do Hamas e da expulsão das forças leais a Abbas em Gaza, deixando ao presidente da Autoridade Palestina a administração das zonas autônomas da Cisjordânia.

Repetidas tentativas de reconciliação entre os dois lados falharam sempre. A posição do Hamas veio a enfraquecer devido aos bloqueios egípcio e israelense, a três guerras com Israel e ao isolamento internacional. A economia de Gaza está destruída e os residentes do enclave só têm eletricidade durante algumas horas por dia.

O Egito organizou recentemente negociações de reconciliação com o Hamas e, na passada semana, Abbas enviou também uma delegação de representantes ao Egito.

Apesar do anúncio agora feito, muitos obstáculos subsistem e, entre as condições que o Hamas afirmou aceitar, não é claro se o movimento está disposto a colocar as suas forças de segurança sob o controle de Abbas, um ponto essencial que inviabilizou tentativas de reconciliação passadas.

Cautela da ANP

A decisão anunciada pelo Hamas põe os palestinos no caminho da reconciliação. No entanto, o Fatah reagiu com cautela ao anúncio deste domingo. Se bem-sucedido, o acordo entre as partes poderá ajudar a fechar uma disputa de uma década entre os dois rivais.

Mahmoud al-Aloul, membro do membro do Comitê Central do Fatah e um dos vices do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, disse que o anúncio do Hamas é uma "notícia positiva", mas afirmou estar cético sobre a finalização de um acordo.

"O que ouvimos até agora é uma notícia positiva e esperamos que esteja correta", disse al-Aloul à emissora de rádio Voz da Palestina. "Queremos ver o fim da divisão, mas não queremos nos apressar com nossa reação a essa notícia. Há muitos detalhes que nós temos que lidar, baseados em acordos anteriores".

CA/efe/lusa/dpa

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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