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Grupo que analisa pacote anticrime rejeita proposta para acelerar julgamentos de políticos

Atualmente, pedidos para abertura de ação penal contra políticos com foro dependem de decisão colegiada

27 ago 2019 - 15h59
(atualizado às 18h14)
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BRASÍLIA - Os parlamentares do grupo de trabalho que analisa o pacote anticrime rejeitaram nesta terça-feira, 27, a proposta que permitiria ministros de tribunais superiores como o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitarem denúncias de políticos com mandatos de maneira unilateral. A medida foi proposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, para dar celeridade a julgamento de autoridades com foro.

"Não podemos dar a um ministro o poder de abrir uma denúncia monocraticamente. A possibilidade de dcisões monacráticas nesses casos dão muito poder a um ministro", afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ).

Atualmente, os pedidos para abertura de ação penal contra políticos com foro -  presidente de poderes, ministros, governadores e parlamentares - dependem de decisão colegiada. No Supremo, por exemplo, os casos da Lava Jato são analisados pela 2ª turma da Corte.

Mudanças

O texto foi suprimido do relatório final do grupo de trabalho num dia de avanço na discussão sobre as medidas de segurança. Os deputados aprovaram 19 alterações propostas pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e por Moraes.

Uma das novidades é a permissão para que julgamentos em 1ª instância sejam feitos por mais de um juiz em casos de risco ao magistrado. A proposta, conhecida como "juiz fantasma", permite que tribunais federais e estaduais criem varas colegiadas em julgamentos em que o juiz possa estar sendo ameaçado ou correr algum tipo de retaliação.

De acordo com o último levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgado em 2018, 110 magistrados de 30 tribunais estão sob ameaça no País. Todos com proteção policial. Em 97% dos casos, o desempenho profissional dos juízes tem relação com a ameaça.

Os deputados aprovaram também que decisões relativas à transferência ou à prorrogação da permanência do preso possam ser tomadas pelo órgão colegiado de juízes, para também evitar ameaças. Entre as medidas que endureceram a legislação penal, o grupo aceitou o aumento da pena para os condenados por homicídios em casos de uso de arma de fogo de uso restrito das Forças Armadas ou forças de segurança. Hoje, a pena é de 6 a 20 anos de prisão. Pela nova redação, passaria de 12 a 30 anos.

De acordo com o cronograma do grupo, o relatório final vai ser apresentado na semana que vem após a realização de mais duas sessões de discussão. Após essa etapa, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já anunciou a intenção de levar as medidas para votação direto ao plenário.

Estadão
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