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Governo diz que presta esclarecimentos à Justiça e chama de 'ilação' ligação com rede do ódio

Em nota, Secretaria de Comunicação do governo diz que 'confia que a Justiça prevalecerá' no inquérito dos atos antidemocráticos. Íntegra foi revelada hoje pelo Estadão

4 dez 2020 - 12h04
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A Secretaria Especial de Comunicação (Secom) do Palácio do Planalto informou que está prestando "todos os esclarecimentos" às autoridades que investigam os atos antidemocráticos. Por meio de nota divulgada na manhã desta sexta-feira, o órgão isenta integrantes da Presidência da República de ligação com o esquema de organização e financiamento de ataques a instituições.

"O governo está prestando todos os esclarecimentos às autoridades e confia que a Justiça prevalecerá", ressalta o comunicado. "Temos convicção que todos os fatos serão esclarecidos em nome da mesma democracia que tanto nos acusam de desrespeitá-la. A verdade vencerá."

O Estadão teve acesso a 1.152 páginas do inquérito instalado pelo Supremo Tribunal Federal e tocado pela Polícia Federal. A investigação revela, em uma série de depoimentos, que havia um negócio lucrativo de canais por trás dos atos antidemocráticos. Por sua vez, a nota da Secom avalia que o apoio de integrantes do Palácio a canais bolsonaristas, como destaca trechos do inquérito, é "pura ilação" e não tem "qualquer prova cabível e comprovação documental". "Fazer co-relação com vídeos e conteúdos disponíveis publicamente na rede, em blogs de terceiros, é mero exercício de ficção, querendo impor a esse governo relação com atos antidemocráticos."

As ligações entre membros do chamado "gabinete do ódio", ala ideológica do Planalto, e os canais bolsonaristas foram registradas nos depoimentos colhidos pela Polícia Federal e incluídos no inquérito. "O governo Bolsonaro foi eleito pelas urnas com o voto popular. Associar integrantes do governo à produção de conteúdo antidemocrático é no mínimo irresponsável e beligerante", avalia a secretaria. "Não há gabinete do ódio. Não há um centavo de dinheiro público em sites antidemocráticos."

A nota nega ainda que repassou "conteúdo antidemocrático" ou dinheiro aos canais e blogs, que estão sendo investigados. "Jamais a Secom ou integrantes do Palácio do Planalto contribuíram com conteúdos antidemocráticos. Não há apoio do governo e nenhum centavo sequer destinado a qualquer blog ou canal digital, diferentemente de outras gestões que patrocinaram com verbas públicas sites e blogs de esquerda."

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Uma planilha da própria Secom divulgada em junho último pela CPMI das Fake News do Congresso, no entanto, informou que propaganda sobre a Reforma da Previdência, paga pela secretaria, foi veiculada, entre 6 de junho e 13 de julho de 2019, nos canais Foco do Brasil, Terça Livre e Vlog do Lisboa. Nesse mesmo período, houve 57.044 inserções de VTs da campanha na Folha do Brasil, antigo nome do Foco do Brasil. Além disso, houve mais 1.447 inserções nos Terça Livre e 2.081 no Vlog do Lisboa. A investigação do STF passou a mirar esses canais neste ano.

Estadão
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