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Governo decide trocar presidente da Petrobras e indica Caio Paes de Andrade

23 mai 2022 - 22h03
(atualizado às 23h27)
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O governo federal decidiu nesta segunda-feira trocar o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, após apenas 40 dias do executivo na posição, e indicou Caio Paes de Andrade para o cargo, informou nota divulgada pelo Ministério das Minas e Energia.

Andrade é o atual secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital no Ministério da Economia, próximo ao ministro Paulo Guedes, e já havia sido visto como um candidato para liderar a companhia.

A nova troca na presidência da estatal ocorre em momento de descontentamento do governo com a política de preços dos combustíveis, e duras críticas do presidente Jair Bolsonaro contra reajustes que vêm na esteira das cotações externas do petróleo.

Apesar disso, a Petrobras realizou um reajuste nos preços do diesel em 10 de maio, de 8,87%, e um dia depois o governo anunciou a troca do ministro de Minas e Energia, pasta agora ocupada por Adolfo Sachsida.

"O Brasil vive atualmente um momento desafiador, decorrente dos efeitos da extrema volatilidade dos hidrocarbonetos nos mercados internacionais", afirmou o ministério, ao anunciar o novo indicado para presidência da Petrobras.

As primeiras análises sobre a troca do presidente da Petrobras, que conforme o rito na empresa precisa ser antes aprovado em assembleia como conselheiro e depois ser eleito pelo Conselho de Administração como CEO, foram negativas.

"Acreditamos que a mudança traz sinais negativos para o mercado, uma vez que simboliza (novamente) o desconforto do acionista majoritário com a forma como a Petrobras vem tocando a sua política de preços", disse o analista da corretora Ativa Ilan Arbetman.

"Ademais, a chegada de Caio poderá significar a aplicação de política de preços de derivados ainda mais espaçada, abrindo espaço para a vigoração mais perene de preços defasados frente aos praticados no mercado internacional."

Esta é a terceira mudança na presidência da Petrobras desde o início do governo de Jair Bolsonaro, todas motivadas pela tentativa do presidente de resolver a crise causada pelo aumento constante dos preços dos combustíveis.

Ao anunciar o último reajuste, a Petrobras citou a necessidade de reajustar o preço para equilibrar o mercado e assim garantir o abastecimento por outras companhias, uma vez que o Brasil é importador de derivados.

Esse será um dos muitos desafios do indicado para CEO, formado em Comunicação Social pela Universidade Paulista e com pós-graduação em Administração e Gestão pela Harvard University, além de mestrado em Administração de Empresas pela Duke University.

"O indicado reúne todos as qualificações para liderar a companhia a superar os desafios que a presente conjuntura impõe, incrementando o seu capital reputacional, promovendo o contínuo aprimoramento administrativo e o crescente desempenho da empresa", disse o ministério no comunicado.

O ministério ainda ressaltou que, para que sejam mantidas as condições necessárias para o crescimento do emprego e renda dos brasileiros, é preciso fortalecer a capacidade de investimento do setor privado como um todo.

Bolsonaro chegou a ser questionado na semana passada sobre uma eventual troca no comando da Petrobras e foi taxativo ao dizer que a decisão caberia ao novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida.

Sachsida, que tem agenda marcada com o Bolsonaro para esta terça-feira, é favorável à mudança na fórmula de preços da estatal e já solicitou estudos para verificar a viabilidade de uma eventual privatização da companhia.

O atual presidente da Petrobras, José Mauro Coelho havia sido nomeado em abril, e desde então seguiu defendendo a política de preços adotada anteriormente.

Em nota, a Petrobras informou que recebeu ofício do Ministério das Minas e Energia solicitando providências a fim de convocar Assembleia Geral Extraordinária, com o objetivo de promover a destituição e eleição de membro do Conselho de Administração, e indicando Andrade em substituição a Coelho.

O ofício solicita ainda que Andrade seja posteriormente avaliado pelo Conselho de Administração da Petrobras para o cargo de presidente.

Tendo em vista que Coelho foi eleito pelo sistema do voto múltiplo na Assembleia Geral Ordinária realizada em 13 de abril, caso aprovada pela assembleia geral, sua destituição implicará na destituição dos demais membros do conselho eleitos pelo mesmo processo, devendo a companhia realizar nova eleição para esses cargos.

(Com reportagem adicional de Gabriel Araujo)

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