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Governo alemão condena atos xenófobos no leste

27 ago 2018 - 15h33
(atualizado em 28/8/2018 às 04h00)
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Gabinete de Merkel diz que não há espaço na Alemanha para intolerância e extremismo, em meio a relatos de ataques a imigrantes após assassinato em Chemnitz. Novo protesto tem confronto entre manifestantes opositores.O governo alemão condenou nesta segunda-feira (27/08) os grupos de extrema direita acusados de "caçar" estrangeiros durante protestos em Chemnitz, no leste da Alemanha, pela morte de um cidadão alemão. Autoridades suspeitam que o crime foi cometido por um sírio e um iraquiano.

Segundo dia seguido de protesto em Chemnitz, no leste alemão
Segundo dia seguido de protesto em Chemnitz, no leste alemão
Foto: DW / Deutsche Welle

"Não toleramos tais reuniões ilegais, bem como perseguições de pessoas que parecem diferentes ou que têm origens diferentes e tentativas de espalhar o ódio nas ruas", afirmou Steffen Seibert, porta-voz da chanceler federal alemã, Angela Merkel.

O funcionário acrescentou que a mensagem de Berlim para Chemnitz e para o resto do país é de que "não há espaço na Alemanha para justiça vigilante, grupos que querem espalhar ódio nas ruas, intolerância e extremismo". "O governo alemão condena vigorosamente [tais atitudes]."

O movimento de extrema direita Pegida (sigla em alemão para "Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente") convocou manifestações para um segundo dia consecutivo, depois de um protesto com cerca de 800 pessoas, no domingo, ter levado a um caos violento, com a polícia local tendo dificuldades para controlar a multidão.

Os atos foram em resposta à morte de um homem alemão de 35 anos. Ele foi esfaqueado na noite de sábado durante uma briga que envolveu dez pessoas de "várias nacionalidades", segundo fontes policiais. Outros dois homens na casa dos 30 anos sofreram ferimentos graves.

Nesta segunda-feira, promotores informaram que a polícia prendeu um sírio de 23 anos e um iraquiano de 22, suspeitos pela morte. "A investigação, especialmente em torno da motivação, dos detalhes do crime e da arma do crime, continua", disseram em nota.

Durante o protesto no domingo, houve acusações de perseguição e ataques a estrangeiros. Fontes policiais relataram à revista alemã Der Spiegel que várias pessoas apresentaram queixas de agressão, incluindo um alemão, uma mulher de ascendência búlgara e um homem de origem síria.

O jornalista Johannes Grunert, que costuma cobrir a cena de extrema direita no país, contou à mesma revista que alguns manifestantes usaram garrafas para atacar pessoas que aparentavam ser estrangeiras.

Veículos da imprensa alemã, incluindo o tabloide Bild, relataram ainda que alguns dos presentes gritavam frases como "nós somos o povo", "vão embora" e "vocês não são bem-vindos aqui" a pessoas que eles consideravam imigrantes.

A polícia teve problemas para controlar a multidão. Autoridades relataram que os manifestantes não cooperavam e jogavam garrafas nos policiais. Sobrecarregada com a convocação espontânea do protesto, a polícia de Chemnitz recebeu reforços das cidades vizinhas de Leipzig e Dresden.

A manifestação realizada nesta segunda-feira também foi marcada por violência. Pelo menos seis pessoas ficaram feridas em confrontos entre manifestantes de extrema direita e de esquerda.

Fogos de artifício e outros objetos foram lançados por ambos os lados, o que acabou ferindo duas pessoas, informou a polícia. Mais tarde, outros quatro participantes de ultradireita foram atacados quando deixavam o protesto e também ficaram machucados.

Esse segundo ato em resposta à morte do alemão em Chemnitz reuniu cerca de 2 mil manifestantes de extrema direita e outros mil opositores, que tentavam abafar o protesto. Policiais tiveram dificuldade para manter os dois grupos separados.

Entre as frases entoadas pelos esquerdistas estavam: "nacional-socialismo fora da cabeça das pessoas" e "não há direito à propaganda nazista".

"A caça a pessoas que pareçam estrangeiros nos assusta", declarou Tim Detzner, líder do partido A Esquerda em Chemnitz, em frente à prefeitura da cidade. "Queremos mostrar que Chemnitz tem outra face: aberta ao mundo e contra a xenofobia."

Depois de ambos os grupos terem se dispersado nesta segunda-feira, um porta-voz da polícia admitiu que o número de policiais convocados para conter o segundo protesto não foi suficiente, uma vez que as autoridades não esperavam essa quantidade de manifestantes.

Os protestos foram convocados via redes sociais. Entre os grupos que pediram aos seus partidários para irem às ruas estaria o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Segundo o Bild, a torcida organizada de direita "Kaotic Chemnitz" também reuniu seus membros.

O deputado Markus Frohnmaier, do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), defendeu a manifestação no Twitter: "Se o Estado não puder mais proteger o cidadão, as pessoas sairão às ruas e se protegerão", escreveu.

Por outro lado, em linha com a reação do governo em Berlim, os protestos foram condenados pelas autoridades locais. A prefeita de Chemnitz, Barbara Ludwig, disse estar "horrorizada" com o que aconteceu no domingo.

"O fato de pessoas concordarem em se encontrar, correr pela cidade e ameaçar outras pessoas é ruim", afirmou a política à emissora regional MDR. Ela ainda apelou por calma e disse que indignação pelo esfaqueamento, embora compreensível, "não justifica a violência contra o Estado".

Roland Woeller, ministro do Interior do estado da Saxônia, onde Chemnitz está localizada, afirmou por sua vez que as autoridades não vão permitir que "anarquistas" ajam livremente.

EK/afp/ap/dpa/efe/rtr

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