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Ghosn recebeu US$9 milhões indevidamente de joint venture Nissan-Mitsubishi, dizem montadoras

18 jan 2019 - 11h30
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O executivo Carlos Ghosn recebeu indevidamente 9 milhões de dólares de uma joint venture montada entre a Nissan e a Mitsubishi, afirmaram as montadoras japonesas nesta sexta-feira, elevando a possibilidade de que o ex-presidente de seus conselhos de administração enfrente novas acusações de fraude financeira.

Carlos Ghosn 03/10/2018 REUTERS/Regis Duvignau
Carlos Ghosn 03/10/2018 REUTERS/Regis Duvignau
Foto: Reuters

Na mais recente reviravolta na saga do declínio do antes respeitado executivo, as montadoras descobriram que Ghosn foi pago pela joint venture sem o conhecimento dos dois outros diretores da unidade --Hiroto Saikawa, presidente executivo da Nissan Motor <7201.T>, e Osamu Masuko, presidente executivo da Mitsubishi Motor <7211.T>.

Ghosn, preso em Tóquio há cerca de dois meses, já foi indiciado por ocultar parte de sua renda na Nissan durante oito anos até março de 2018, e por temporariamente transferir perdas pessoais com investimentos para a montadora durante a crise financeira global.

"Que tal irregularidade também tenha ocorrido em nossa afiliada é mais do que chocante... é triste", disse Masuko a repórteres, em referência aos pagamentos feitos a Ghosn pela Nissan-Mitsubishi B.V., registrada na Holanda em 2017.

Tanto a Mitsubishi quanto a Nissan disseram que irão considerar maneiras de recuperar o dinheiro de Ghosn, enquanto o advogado da Mitsubishi, Kei Umebayashi, disse que acusações penais são uma possibilidade.

"A acusação mais provável para isso seria de fraude", disse o advogado a repórteres durante coletiva de imprensa.

De acordo com a equipe jurídica da Mitsubishi, de abril a novembro de 2018, Ghosn recebeu cerca de 5,8 milhões de euros (6.61 milhões de dólares) em pagamento anual por seu papel como diretor-executivo da companhia, uma taxa contratual de 1,4 milhão de euros e um incentivo não divulgado da joint venture.

No início desta semana, a Reuters reportou o suposto pagamento indevido feito a Ghosn pela joint venture e que a Nissan estava considerando abrir um processo legal, citando fonte.

A joint venture tinha como objetivo financiar gastos da parceria incluindo taxas de consultoria, atividades promocionais conjuntas, uso de áreas de trabalho e jatos corporativos, disse Masuko.

"Do momento em que a unidade foi estabelecida até quando eu fui informado sobre os pagamentos, eu não tinha absolutamente nenhuma ideia de que a unidade estava sendo usada para pagamentos do tipo", acrescentou.

O advogado de Ghosn, Motonari Otsuru, não pôde ser encontrado de imediato para comentar nesta sexta-feira. Ghosn tem negado todas as acusações anteriores contra ele.

A prisão de Ghosn, que liderou a recuperação da Nissan duas décadas atrás, e a lista de acusações contra ele têm chocado a indústria automobilística, ao mesmo tempo em que abala as perspectivas para a aliança tríplice da Nissan com a Mitsubishi e a francesa Renault .

Nos últimos dias, a Renault tem sofrido grande pressão de seu maior acionista, o governo francês, para substituir Ghosn como presidente-executivo e de seu conselho de administração. A montadora tem mantido o executivo no comando, mesmo quando a Nissan e a Mitsubishi agiram rapidamente para removê-lo como presidente do conselho após a prisão.

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