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Forças sírias avançam em Ghouta Oriental

4 mar 2018 - 20h07
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Tropas do regime retomam várias áreas do bastião rebelde, e Assad diz que ofensiva vai continuar. Enquanto isso, centenas de civis fogem de intensos bombardeios. Trump e May criticam ação de Damasco e Moscou na região.Centenas de civis deixaram Ghouta Oriental neste domingo (04/03), à medida que as forças pró-regime sírio avançam na região, último grande bastião dos rebeldes. Contrariando alertas da comunidade internacional, o presidente Bashar al-Assad disse que a ofensiva deve continuar.

Foto: DW / Deutsche Welle

"A maioria das pessoas em Ghouta Oriental quer escapar dos braços do terrorismo. A operação deve prosseguir", disse o líder sírio em declarações transmitidas pela televisão estatal neste domingo.

Leia também: Entenda o conflito em Ghouta Oriental

Assad afirmou que seu governo continuará respeitando as cinco horas diárias de pausa humanitária na região, a fim de permitir que civis deixem o local, se assim desejarem. "Não há contradição entre a trégua e a operação militar", disse ele.

No âmbito desse cessar-fogo diário, um corredor humanitário permanece aberto durante cinco horas por dia, sob controle de tropas sírias e russas. Os governos em Damasco e Moscou, porém, acusam os rebeldes de disparar contra os civis que tentam escapar de Ghouta Oriental por essa via.

A imprensa estatal e grupos de direitos humanos afirmaram que militares sírios e milícias aliadas conseguiram capturar uma série de vilas e cidades neste domingo, no maior avanço desde o início da grande ofensiva para reconquistar o bastião, em 18 de fevereiro.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, as forças do governo controlam agora 25% do reduto rebelde, conquistados por meio de bombardeios aéreos e combates em terra. As tropas sírias, que já estariam a cerca de três quilômetros de Douma, a maior cidade de Ghouta Oriental, afirmam ter matado "um grande número de terroristas" na ofensiva deste domingo.

O Observatório Sírio, que monitora a situação na Síria por meio de informantes, denunciou ainda que entre 300 e 400 famílias fugiram da região em guerra somente neste fim de semana.

"Está todo mundo na estrada. Há destruição em todo lugar", relatou Abu Khalil, de 35 anos, à agência de notícias AFP, enquanto carregava no colo uma menina com ferimentos no rosto.

Ao menos 18 civis, incluindo três crianças, foram mortos em bombardeios do regime sírio em Ghouta Oriental neste sábado, afirmou o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Neste domingo, a ONU comunicou que planeja entrar na região em conflito a partir desta segunda-feira para entregar ajuda humanitária a cerca de 70 mil pessoas.

A iniciativa neste 5 de março contará com 46 caminhões transportando alimento e medicamento suficientes para 27.500 pessoas, afirmou um comunicado. As Nações Unidas disseram ainda ter recebido garantias de que um novo comboio será enviado em 8 de março.

Os caminhões devem entrar no reduto durante as cinco horas de cessar-fogo diárias, estabelecidas pela resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas na terça-feira passada.

Crítica internacional

A grave situação em Ghouta Oriental incitou críticas de vários líderes internacionais. Neste domingo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, acusaram a Síria e a Rússia de serem responsáveis pelo "sofrimento humano" na região.

Os dois líderes, em telefonema, "concordaram que a Síria sofre uma catástrofe humanitária e que a maior responsabilidade pelo sofrimento humano é do regime sírio e da Rússia, como principal patrocinadora do regime", informou o governo britânico.

Em outro telefonema, o presidente da França, Emmanuel Macron, pediu ao presidente do Irã, Hassan Rohani, que faça "pressão necessária" sobre o regime sírio a fim de travar os ataques "indiscriminados" contra civis no país.

O líder francês ressaltou a "particular responsabilidade do Irã, por conta de seus laços com o regime, no que diz respeito à implementação da trégua humanitária" determinada pela ONU.

Desde o início da grande ofensiva em Ghouta Oriental, em 18 de fevereiro, mais de 600 pessoas foram mortas, incluindo cerca de 150 crianças, de acordo com as Nações Unidas.

Antes da guerra, a região abrigava em torno de 2 milhões de pessoas. Hoje permanecem por lá cerca de 400 mil, a metade delas crianças, segundo estimativas. Elas estão sitiadas pelo governo sírio desde 2013. Ghouta Oriental foi uma das primeiras áreas a se rebelar contra Assad, já em 2011.

EK/afp/ap/lusa/ots

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A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App

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