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EUA prendem russa acusada de ser agente secreta de Moscou

Acusação diz que ela se infiltrou em grupos com influência no governo americano a fim de promover os interesses da Rússia

16 jul 2018 - 21h36
(atualizado em 17/7/2018 às 07h40)
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Uma mulher russa de 29 anos que vive em Washington foi presa e acusada por autoridades dos Estados Unidos de ser uma agente secreta no país a serviço do governo da Rússia, informou o Departamento de Justiça americano nesta segunda-feira (16/07).

Maria Butina, que estudou na Universidade Americana, em Washington, foi detida no domingo e indiciada pelo crime de conspiração. Ela se apresentou diante de uma corte federal na capital nesta segunda-feira (15), e ficará presa pelo menos até quarta (18), quando outra audiência será realizada.

Segundo o Departamento de Justiça, Butina infringiu a lei americana ao não informar previamente às autoridades que estava agindo nos Estados Unidos em nome do governo russo.

Maria Butina estudou nos Estados Unidos e atualmente vive em Washington
Maria Butina estudou nos Estados Unidos e atualmente vive em Washington
Foto: DW / Deutsche Welle

Em comunicado, o órgão afirmou que a russa "desenvolveu relacionamentos com pessoas dos EUA e se infiltrou em organizações com influência na política americana, com o propósito de promover os interesses da federação russa".

Entre as organizações estaria a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), grupo lobista da indústria das armas. Butina é conhecida por seu ativismo a favor das armas, tendo fundado o grupo russo pró-arma Right to Bear Arms.

Segundo a acusação, Butina teria organizado jantares em Washington e Nova York e tentado desenvolver relações com políticos americanos para estabelecer linhas de comunicação irregulares entre os dois países a fim de "penetrar o aparato nacional de tomada de decisões dos EUA".

Ela teria ainda laços estreitos com uma importante autoridade russa, que a teria orientado durante as operações. A Justiça americana não identificou quem seria ele, afirmando apenas ter ligação com o Banco Central da Rússia e ser alvo recente de sanções dos Estados Unidos.

A imprensa especula que se trate de Alexander Torshin, vice-chefe da instituição financeira russa e que foi sancionado em abril pelo Departamento do Tesouro americano. Uma fonte anônima disse à agência de notícias Reuters que Butina trabalhou como assistente de Torshin. Ela aparece ao lado dele em várias fotos em seu perfil no Facebook.

A acusação diz ainda que um cidadão americano próximo a Butina, não identificado, teria participado da criação de uma "linha privada de comunicação" entre o Kremlin e membros importantes de um partido político americano antes das eleições presidenciais de 2016.

O documento não especifica a legenda, mas fornece detalhes que parecem se referir ao Partido Republicano, do presidente Donald Trump - o líder americano também não é mencionado em nenhuma parte da acusação.

Segundo o jornal The New York Times, contudo, Butina teria tentado intermediar, por duas vezes, reuniões secretas entre o então candidato Trump e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante a campanha eleitoral há dois anos.

Reunião entre Trump e Putin

As acusações vêm à tona no mesmo dia em que os dois governantes realizaram uma reunião em Helsinque, na Finlândia, na qual Putin voltou a negar que Moscou tenha agido para interferir nas eleições presidenciais americanas de 2016 - versão que Trump também defendeu.

Em coletiva de imprensa após o encontro, o republicano disse que a investigação sobre a suposta ingerência é "um desastre" para os Estados Unidos e que "não há motivos para acreditar" que a Rússia esteve envolvida no caso, como acusou o serviço de inteligência americano.

"Tenho muita confiança na minha equipe de inteligência, mas preciso dizer que o presidente Putin foi extremamente forte e poderoso em sua negação hoje", disse Trump.

A postura do líder americano ao lado de Putin foi condenada por diversas autoridades americanas, incluindo parlamentares republicanos e da oposição, que a descreveram como "vergonhosa" e uma "oportunidade perdida" de enfrentar Moscou após as acusações.

As investigações sobre a suposta interferência russa, bem como sobre possíveis ligações entre a campanha de Trump e o governo em Moscou, levou na semana passada ao indiciamento de 12 oficiais de inteligência militar da Rússia. Eles foram acusados de ter invadido computadores da campanha do Partido Democrata durante o pleito de 2016.

Anteriormente, agências de inteligência americanas já sugeriram que a interferência russa tinha como objetivo favorecer a campanha de Trump, que acabou vencendo o pleito, e prejudicar sua oponente, a candidata democrata Hillary Clinton.

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