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EUA podem ter "voltado" no G7, mas dúvidas de aliados sobre país permanecem

11 jun 2021 - 09h35
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Em 2017, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chocou os aliados ocidentais de Washington durante sua primeira viagem à Europa, repreendendo-os por não pagarem sua "porção justa" na defesa, empurrando fisicamente um primeiro-ministro e assustando outro líder com um aperto de mão em público.

Presidente dos EUA, Joe Biden, chega para cúpula do G7 no Reino Unido
09/06/2021 REUTERS/Phil Noble/Pool
Presidente dos EUA, Joe Biden, chega para cúpula do G7 no Reino Unido 09/06/2021 REUTERS/Phil Noble/Pool
Foto: Reuters

Depois de quatro anos tumultuados no relacionamento transatlântico sob Trump, as palavra de seu sucessor democrata, Joe Biden, sobre amizade e a promessa de que a "América voltou" ao encontrar aliados ocidentais nesta semana e na próxima são um alívio bem-vindo.

Mas elas não bastam, dizem diplomatas e especialistas em política externa.

Biden enfrenta dúvidas persistentes sobre a confiabilidade dos EUA como parceiros. Líderes das economias avançadas do G7, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia temem que o pêndulo da política norte-americana volte a oscilar e estão buscando ações concretas, e não palavras, depois do choque dos anos Trump.

"Será que isto é um interregno entre Trump 1.0 e Trump 2.0? Ninguém sabe", disse David O'Sullivan, ex-embaixador da UE em Washington. "Acho que a maioria das pessoas é da opinião de que deveríamos aproveitar a oportunidade com este governo para fortalecer o relacionamento e torcer para que isto possa sobreviver depois das eleições de meio de mandato e de 2024".

Líderes europeus se mostram animados em público, saudando a sobrevivência do multilateralismo --mas suas dúvidas vão além do estragos da era Trump. A política externa do governo Biden está enviando sinais confusos, marcados por alguns passos em falso e incerteza sobre áreas centrais, como a China, devido a análises demoradas, disseram ex-autoridades e fontes diplomáticas dos EUA.

"Os parceiros da América ainda estão abalados com o que aconteceu com Trump", disse Harry Broadman, ex-autoridade norte-americana de alto escalão e diretor-gerente do Grupo de Pesquisa de Berkeley. "Mas parte das mensagens de Biden também é desarticulada."

Só um punhado de políticas internacionais concretas emergiu depois de cinco meses, e as decisões de Biden de pressionar por cláusulas "Compre da América", apoiar uma dispensa de direitos de propriedade intelectual de algumas vacinas na Organização Mundial do Comércio (OMC) com poucas consultas a outros membros e adotar um cronograma agressivo para a retirada das tropas do Afeganistão enervam aliados.

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