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'Espero que o Supremo tome a melhor decisão', diz Moro sobre prisão em 2ª instância

Enquanto era juiz, Sergio Moro defendia que condenados em segunda instância já devem começar a cumprir prisão

24 out 2019 - 16h50
(atualizado às 19h23)
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O ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato de Curitiba, Sergio Moro - notório defensor da ideia de que condenados em segunda instância já devem começar a cumprir pena de prisão - disse nesta quinta-feira, 24, esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) "tome a melhor decisão" no julgamento que trata do tema. O ministro falou em um evento em São Paulo na mesma hora em que a ministra do STF Rosa Weber - de quem ele já foi assessor - dava o voto tido como decisivo do assunto.

Em sua fala, Rosa foi contra a prisão de condenados em segunda instância, seguindo a tese de que uma pessoa só pode ser presa quando terminarem todos os recursos. A ministra tem o poder de decidir a questão, já que os demais votos já foram proferidos ou já são conhecidos. A sessão foi suspensa com um placar de 4 votos a 3 a favor da execução antecipada da pena e a previsão de que o julgamento deverá ser retomado no dia 6 ou 7 de novembro.

Apesar de ser contrário ao modo mais demorado, Moro ressaltou em sua fala que o STF é uma instituição muito importante para o País e que a decisão que sair de lá deve ser cumprida.

"A decisão tomada tem que ser respeitada", defendeu, durante evento promovido pela revista The Economist. O ministro entrou e saiu do evento por meio de um elevador privativo e não deu entrevistas.

Confiança

Cinco minutos depois que Moro deixou o evento, a ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge disse que a decisão do ministro de deixar de ser juiz da Lava Jato para integrar o governo de Jair Bolsonaro impacta a confiança que a sociedade tem na Justiça.

"Não sei dizer se foi uma boa ideia ou não, mas tem impacto na confiança que o cidadão tem na Justiça, no nível de confiança de diferentes setores da sociedade civil na Justiça", afirmou.

Dodge participou de um painel de conversa com Oscar Vilhena, diretor da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, e o advogado criminalista Fábio Tofic Simantob. Todos eles criticaram a decisão do ministro de virar ministro de Estado, visto que ele passou a integrar o governo do candidato que se beneficiou diretamente de condenações proferidas pelo ex-juiz.

Estadão
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