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ENTREVISTA-Comissão especial só deve votar parecer da Previdência na 1ª semana de julho, diz Ramos

28 mai 2019 - 18h02
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O presidente da Comissão Especial da Câmara para a reforma da Previdência, Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou nesta terça-feira que a tendência é de o parecer do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) ser votado pelo colegiado somente na primeira semana de julho, apesar da disposição do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que mais cedo disse que iria pedir para o relator antecipar a apresentação do texto.

Relator Marcelo Ramos, em sessão em comissão no Congresso 25/4//2019. REUTERS/Adriano Machado
Relator Marcelo Ramos, em sessão em comissão no Congresso 25/4//2019. REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Segundo Ramos, na penúltima semana de junho tem um feriado na quinta-feira e na última ocorrem as festas juninas, que tradicionalmente esvaziam o trabalho no plenário. Por isso, na avaliação dele, a votação deverá ficar para depois.

"O Rodrigo tinha que ter falado comigo antes, porque não basta o Samuel apresentar o relatório, tem que colocar para votar. Não sei porque ele saiu com essa afobação também", disse Ramos, responsável por marcar o dia da votação do parecer na comissão, em entrevista à Reuters.

"Não daria tempo de votar, só iria votar na primeira semana de julho", reforçou.

Ramos não acredita que haverá quorum para votar a reforma na comissão na quarta-feira 20 de junho, véspera do feriado de Corpus Christi. Essa é uma das hipóteses aventadas por deputados.

"Votar na quarta? Será que vai ter voto com segurança para isso? Você acha mesmo que os deputados do centro, esculachados pela turma do Bolsonaro na rua, esculachado por ele, vão virar uma noite para votar o texto da reforma da Previdência?", questionou ele, ao destacar que estará pronto para colocar em votação se houver quorum.

PISO DE R$800 BI

O presidente da comissão afirmou que o trabalho é para aprovar um texto no colegiado que tenha um impacto fiscal entre 800 bilhões e 1 trilhão de reais nos próximos 10 anos --abaixo do 1,237 trilhão de reais previsto pela equipe econômica.

Segundo Ramos, essa conta engloba mudanças que devem ser feitas pelos integrantes da comissão, como alterações no pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural, mas sem modificações na idade mínima para a aposentadoria.

"Acredito que sim, o esforço nosso é para a economia ficar ali entre 800 bilhões e 1 trilhão", disse ele, para quem a proposta vai passar na comissão.

Contudo, o presidente da comissão disse que o governo terá de tratar com os partidos para conquistar os 308 votos para aprovar o texto no plenário da Câmara. Segundo ele, o próprio presidente Jair Bolsonaro terá de se envolver nessas negociações porque articuladores dele, como o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz, têm tido influência restrita entre os deputados.

"Não tem jeito. Na hora que for para o plenário, o governo tem que tratar com os partidos. Se é só conversa, com cargos, com emendas, com o que eu não sei, mas sem tratar com os partidos não tem voto", disse.

Para o deputado, o governo tem de trabalhar na futura votação da reforma em plenário para que os partidos fechem questão --o que leva a eventuais punições de deputados que votarem contra a orientação partidária. Para ele, esse seria um dos caminhos para conquistar votos de deputados do Nordeste em favor da reforma, região que tem sido mais refratária a mudanças.

Se as bancadas forem liberadas para votar como quiser, avaliou, "vai ter muita quebra de votos".

"Pelo que entendi, o presidente julga que é capaz de arrumar sozinho os 308 votos. Vamos dar liberdade para que ele arrume", disse. "A disposição é dele, comigo não precisa nem falar, vou votar a favor em qualquer hipótese", completou.

Segundo Ramos, o governo precisa fazer um mapa dos chamados votos corporativos para a apreciação da matéria em plenário, para saber como trabalhar os deputados que tem atuação focada em determinadas categorias, como os da área da segurança pública. Ele disse que, se não trabalhar isso, a reforma poderá ser desidratada em plenário.

"O governo tem que ter um mapa desses votos corporativos. Quando sai da comissão especial, sai uma economia. Você pode até aprovar uma economia de 900 bilhões de reais. Mas, por não ter um mapa da votação temática, pode ter a aprovação de uma serie de destaques e derrubar a economia para 600 bilhões", argumentou.

Em relação às manifestações de rua do domingo, o parlamentar avaliou que eles podem ter efeito contrário com deputados, que, mesmo apoiando a reforma da previdência, tem sido criticados por simpatizantes do governo.

"Foi o eleitor dele extremista, conservador que foi às ruas, não o liberal. Acho que o Bolsonaro se radicalizou à direita e o que isso vai dar, vamos ver", disse.

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