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Em confissão, ex-advogado de Trump diz ter feito pagamentos a mando de candidato

21 ago 2018 - 20h22
(atualizado às 20h52)
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O ex-advogado pessoal do presidente Donald Trump Michael Cohen se confessou culpado nesta terça-feira de violação de financiamento de campanha e outras acusações, dizendo que fez pagamentos para influenciar a eleição de 2016 cumprindo ordens de um candidato a cargo federal.

Michael Cohen deixa tribunal em Nova York 
 21/8/2018    REUTERS/Brendan McDermid
Michael Cohen deixa tribunal em Nova York 21/8/2018 REUTERS/Brendan McDermid
Foto: Reuters

As declarações de culpa aconteceram na mesma hora em que um júri federal em Alexandria, na Virgínia, condenou Paul Manafort, ex-gerente de campanha de Trump, por oito acusações de fraude fiscal e bancária e por não divulgar contas bancárias no exterior.

Em um tribunal federal em Manhattan, Cohen, de 51 anos, se declarou culpado de uma acusação de realizar intencionalmente uma contribuição corporativa de campanha ilegal e outra de fazer uma contribuição de campanha excessiva.

    Cohen, um dos associados mais próximos de Trump há mais de uma década, disse ter esquematizado pagamentos "com o propósito principal de influenciar a eleição" a mando de um candidato a cargo federal. Ele não revelou o nome do candidato.

    A atriz pornô Stormy Daniels disse ter recebido 130 mil dólares de Cohen pouco antes da eleição de novembro de 2016 para ficar em silêncio sobre um encontro sexual com Trump em 2006.

Além disso, Cohen gravou uma conversa com Trump dois meses antes da eleição na qual discutiam a compra dos direitos de uma história da ex-modelo da Playboy Karen McDougal, que alega ter tido um caso com Trump, disse o advogado Rudy Giuliani no mês passado.

Sob lei eleitoral norte-americana, contribuições de campanha, definidas como coisas de valor dadas a uma campanha para influenciar uma eleição, devem ser divulgadas. Um pagamento com objetivo de silenciar acusações de um caso pouco antes de uma eleição podem constituir uma contribuição de campanha, disseram alguns especialistas.

Cohen, que uma vez disse que "levaria um tiro" por Trump, aceitou acordo de delação com procuradores federais nesta terça-feira. Ele também se declarou culpado de cinco acusações de fraude fiscal e outra por ter feito afirmações falsas para uma instituição financeira.

    O acordo inclui uma possível sentença de até cinco anos e três meses de prisão, disse o juiz William Pauley II durante audiência. Pauley marcou sentença para 12 de dezembro e estabeleceu 500 mil dólares de fiança.

    A condenação de Manafort resultou da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre envolvimento russo na eleição de 2016 e possível coordenação com a campanha republicana de Trump.

A investigação também levou a um encaminhamento de Mueller sobre Cohen para procuradores federais em Nova York, que iniciaram sua própria investigação sobre o advogado.

    Trump tem repetidamente negado qualquer conluio com a Rússia ou ter feito sexo com Daniels ou McDougal, e chamou a investigação de Mueller de "caça às bruxas". A Rússia negou envolvimento na eleição. Agências da inteligência dos EUA concluíram que Moscou interferiu na eleição.

    Cohen, que trabalhou como advogado pessoal de Trump na Trump Organization, continuou assessorando o presidente após a eleição, mas a relação entre os dois se desgastou nos meses recentes.

Em tribunal nesta terça-feira, a voz de Cohen falhava conforme respondia perguntas de Pauley.

    Perguntado uma questão padrão sobre se havia consumido qualquer tipo de álcool ou droga antes de fazer acordo de delação, Cohen disse que havia tomado apenas um copo de uísque 12 anos Glenlivet no jantar na noite anterior.

    Cohen aceitou o acordo para salvar milhões de dólares, proteger sua família e limitar sua exposição, relatou o jornal Politico, citando uma fonte não identificada.

    A investigação de Cohen incluiu uma operação em abril feita por agentes do FBI, que apreenderam documentos e arquivos de seu escritório, sua casa e quarto de hotel.

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