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Em carta a Bolsonaro, UE diz que quer manter 'parceria estratégica' com o Brasil

Bloco relembra novo mandatário brasileiro que a cooperação com Bruxelas inclui temas como direitos humanos e meio ambiente

5 nov 2018 - 17h29
(atualizado às 18h08)
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GENEBRA - A União Europeia quer "manter e aprofundar" a "parceria estratégica" com o Brasil. Numa carta enviado ao presidente eleito Jair Bolsonaro, o bloco insiste ainda em relembrar o novo mandatário que a cooperação entre Bruxelas e Brasília também inclui temas como direitos humanos e meio ambiente, assuntos que têm o potencial de criar certo desconforto para a futura diplomacia local.

"Em nome da União Europeia, parabenizamos pela sua eleição como presidente da República Federativa do Brasil", diz o texto assinado pelo presidente da UE, Donald Tusk, e pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

"A UE e o Brasil têm uma parceria estratégica de longa data, o que ajudou a desenvolver uma ampla cooperação em assuntos bilaterais e multilaterais de interesse comum, como no comércio, ciência e tecnologia, sociedade da informação, defesa e segurança, proteção ambiental e direitos humanos", disseram os líderes europeus.

Ao longo de sua campanha, Bolsonaro insinuou que poderia rever a participação em acordos de meio ambiente e criticou a defesa dos direitos humanos.

"Estamos prontos para continuar e fortalecer essa parceria durante sua presidência para o benefício de nossos cidadãos, incluindo no contexto das negociações em curso entre o Mercosul e UE", apontaram.

A insistência em tocar no assunto comercial não ocorre por acaso. O Estado apurou que existe uma preocupação real da UE de que, uma vez no comando, Bolsonaro opte por dar preferências ao eixo de comércio com os EUA. Em entrevista à Band, o presidente eleito afirmou que 'Países podem comprar no Brasil, mas não comprar o Brasil'.

Nesta semana, uma reunião está marcada para ocorrer em Bruxelas na esperança de tentar um último esforço para um acordo entre os dois blocos, antes do final do atual governo brasileiro.

A transição no Brasil é um fator que pode prejudicar o andamento do processo. Mas, ainda assim, os negociadores tentam costurar um entendimento para "engessar" a política externa de Bolsonaro com a UE e manter um acesso privilegiado para produtos europeus.

Egito

Nesta segunda-feira, 5, governo do Egito adiou, sem previsão de nova data, uma visita oficial que o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, faria ao país entre os dias 8 e 11 próximos. No período, ocorreria também um encontro entre representantes do setor privado dos dois países. Vinte empresários brasileiros já se encontram no país e precisarão retornar sem que sejam realizadas as rodadas de negócios.

Oficialmente, o governo egípcio informou que o adiamento "sine die" foi necessário por causa de compromissos inadiáveis das altas autoridades do país. Aloysio ia encontrar-se com seu contraparte, o ministro Sameh Shoukry, e o presidente, Abdel Fattah el-Sisi.

Nos bastidores, porém, sabe-se que a verdadeira causa foi o anúncio, por Bolsonaro, da decisão de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. A medida significa um alinhamento do País com Israel e o abandono de uma posição de equilíbrio mantida por décadas pela diplomacia brasileira. Os países árabes, quinto destino das exportações brasileiras, apoiam a Palestina e deixaram clara sua discordância com a medida.

Estadão
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