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Troca de acusações e clima de guerra marcam campanha em Campinas

Dário Saadi (Republicanos) e Rafa Zimbaldi (PL) reconhecem o tiroteio verbal, mas alegam que apenas reagiram a ataques

24 nov 2020 - 15h57
(atualizado às 18h09)
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CAMPINAS - O morador de Campinas assiste a uma campanha marcada por um clima de guerra entre Dário Saadi (Republicanos) e Rafa Zimbaldi (PL), que nos últimos dois debates fizeram do palco uma espécie de ringue, com trocas pesadas de acusações e propostas ficando em segundo plano. O clima já vinha se acirrando ao final do primeiro turno, quando ambos foram alvos de impugnação pelo Ministério Público, feitos a partir de denúncias originadas de pessoas ligadas às campanhas.

A batalha prosseguiu com peças publicitárias agressivasnos comerciais de TV e a criação de sites com denúncias, cada um contra seu adversário, e até acusação de machismo. Os dois dizem que só reagiram a ataques. Ex-secretário de Esportes, Saadi é apoiado pelo prefeito Jonas Donizette (PSB), em fim de segundo mandato. Zimbaldi, que é deputado estadual, foi da base do prefeito até o início do ano, quando romperam.

"São candidaturas de grupos próximos, que não se acertaram para disputar de forma unificada e sem fortes conflitos programáticos. Sem diferença de propostas,(a campanha)acaba em ataque", disse Otávio Catelano, pesquisador do Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop) da Unicamp, especializado em eleições.

No primeiro turno, Saadi obteve 25,78% dos votos válidos ante 21,86% do adversário. Neste segundo turno, o tom agressivo foi apresentado logo no primeiro debate, na Band, dia 19. Na ocasião, os dois, que já foram vereadores, se acusaram de irregularidades nas contasao dirigirem a Câmara Municipal. Saadi mencionou condenação de Zimbaldi pelo Tribunal de Contas por manter excesso de cargos comissionados em 2016. "Reduzimos mais de 1.100 cargos, o que o senhor não foi capaz de fazer", rebateu. Do lado contrário, a acusação foi que Saadi teve contas rejeitadas na Câmara por ter concedido reajuste acima do limite, em 2006. "Esse caso já foi revertido na Justiça, fui inocentado", respondeu, reafirmando que o adversário tem condenação.

Saadi ainda mencionou suspeitas contra o pai do concorrente, o ex-deputado federal Salvador Zimbaldi, de recebimento de doação ilegal de campanha (que seria para o Pros, seu partido, em 2014) e disse que o adversário é o quarto deputado "mais gastão" da Assembleia Legislativa. "Meu pai nunca foi condenado", afirmou Zimbaldi na ocasião, e defendeu ter uma história de rigor com as contas públicas e combate à corrupção.

O deputado relacionou o adversário à ação de um ex-assessor da Secretaria de Esportes detido em abril sob suspeita de negociar compra de testes de covid-19, supostamente furtados e que seriam depois oferecidas à prefeitura. Acusou que mensagens foram trocadas com Saadi. "O funcionário foi levado para esclarecimento, e demitido, não participei de nada", disse o ex-secretário.

Ao tomar conhecimento das acusações na propaganda eleitoral, o MP pediu à Justiça Eleitoral autorização para busca e apreensão do celular de Saadi. Mas nesta terça-feira o pedido foi negado e foi extinto o andamento do caso na Justiça Eleitoral, sob a alegação que ele não é de sua competência. O candidato não consta como investigado em inquérito policial. Seu nome é citado em troca de mensagens com o assessor. Na Record, dia 21, Zimbaldi voltou a citar os testes de covid.

O deputado também disse que seu adversário era "machista", por classificar sua vice, Anna Beatriz (PSDB), apenas como mulher do deputado federal Carlos Sampaio. "Estou tentando entender, talvez eu tenha mencionado que ela é esposa do deputado." Saadi negou irregularidade em campanha, alegou que não é investigado no caso dos testes e afirmou que o concorrente é que teve relação próxima ao assessor investigado. "Conheci, mas o assessor era seu", respondeu.

O MP impugnou a candidatura de Saadi duas vezes, por suposta compra de votos e uso da máquina pública, e a de Zimbaldi uma vez, por suposta compra de votos. Os casos do candidato do Republicanos são um mutirão de consulta gratuita antes da eleição, que ele alega fazer há anos como médico, e de um e-mail de gestor da Cohab a funcionários, os indicando para uma conversa com o candidato. Ele diz que não houve esse evento e que não tem relação com a Cohab.

O caso de Zimbaldi foi participação em um evento, que seria eleitoral, com pizza e cerveja gratuitas distribuídas aos participantes. O candidato diz que a reunião não foi eleitoral e ocorreu a convite de amigos. A Justiça ainda não se posicionou sobre os pedidos feitos pelo MP. Se houver sentença contrária a algum deles, poderão recorrer.

Estadão
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