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Nova Câmara deve manter hegemonia de PT e MDB, avaliam líderes partidários e analistas

PSL de Jair Bolsonaro, que elegeu um deputado em 2014 e hoje tem oito nomes em sua bancada, deve triplicar de tamanho

2 out 2018 - 11h14
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BRASÍLIA - O perfil da nova Câmara dos Deputados não deverá se alterar significativamente na próxima legislatura. As principais legendas, como PP, PT e MDB, devem manter seus desenhos atuais, com uma média de 45 a 55 eleitos cada uma, de acordo com a avaliação de líderes partidários e consultorias especializadas.

Já o pequeno PSL de Jair Bolsonaro, que elegeu 1 deputado em 2014 e hoje tem 8 nomes em sua bancada, deve crescer. Segundo as perspectivas mais otimistas, o partido que abrigou o capitão reformado pode até triplicar sua presença na Câmara impulsionado pela notoriedade do seu presidenciável e tendo Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como campeão de votos da legenda na Casa.

Em contrapartida, alguns nanicos correm o risco de desaparecer na Câmara, como é o caso do PHS, que hoje conta com 4 deputados, sendo que apenas dois deles concorrem à reeleição.

Neste cenário, o próximo presidente eleito, seja quem for, não deve encontrar grandes entraves para governar nos primeiros meses de mandato, avalia o cientista político da Arko Advice, Cristiano Noronha.

Um estudo da consultoria aponta que a próxima legislatura será semelhante à atual em relação à composição partidária. "Nosso Congresso tem uma vocação governista, não gosta de ser oposição", diz Noronha. Com essa tradição, a tendência é que o ocupante do Palácio do Planalto tenha maioria no início dos trabalhos em 2019 e que a perpetuidade disso dependa da habilidade política do próximo presidente.

Apesar de manter um quadro com poucas alterações, a nova Câmara vai perder alguns nomes tradicionais, como o decano Miro Teixeira (Rede-RJ) e Chico Alencar (PSOL-RJ), ambos concorrendo ao Senado neste ano. "Vou ser substituído por forças jovens. Já cumpri meu papel aqui", afirma Alencar, que acredita que a sua legenda possa aumentar a bancada de seis deputados e chegar a 10 nomes. O deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, deve ser um dos principais puxadores de voto da legenda para a Câmara Federal.

Por outro lado, nomes tradicionais da política nacional devem migrar para a Casa, como é o caso da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. A senadora é a principal aposta do partido para a Câmara no Paraná e já recebeu o maior repasse da legenda entre os que concorrem ao mesmo cargo, tendo recebido R$ 1,3 milhão. Entre os tucanos, Aécio Neves também faz o mesmo caminho do Senado para a Câmara, com forte apoio do PSDB que já destinou R$ 2 milhões para sua candidatura.

Pautas

Com consenso entre boa parte das bancadas, a reforma tributária deve abrir as discussões do próximo mandato. "É mais necessária e já vem sendo tratada", avalia o atual líder do PP na Casa, Arthur Lira (AL).

A ascensão do PSL deve reforçar as pautas sobre segurança no Plenário, afirma o presidente do partido Gustavo Bebianno. A chamada Bancada da Bala tem hoje 35 deputados, com total adesão dos deputados do partido.

Outros temas mais polêmicos, mas com forte apoio dos principais partidos, como a venda direta de etanol e desoneração de folha devem voltar com força na nova-velha Câmara também, avaliam as lideranças.

Presidência da Câmara

Com um repeteco do quadro atual, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) não deve ter dificuldades de ser reconduzido à presidência da Casa no próximo mandato, mesmo com uma forte oposição do PT. Maia desistiu da sua candidatura ao Planalto para que o Centrão - DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade - apoiasse Geraldo Alckmin (PSDB), em uma articulação para garantir sua reeleição como presidente da Câmara.

Estadão
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