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Maioria dos pré-candidatos ao governo na região sul ainda não possui vice para as eleições 2018

O posto é visto como estratégico para barganhar apoios de legendas que garanta soma de fundo partidário e tempo de TV

1 jul 2018 - 05h03
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CURITIBA E PORTO ALEGRE - A menos de um mês do início das convenções partidárias, poucos pré-candidatos aos governos na Região Sul do País têm nomes de vices já confirmados para as eleições 2018. Levantamento feito pelo Estado mostra que a maioria dos postulantes aguarda a formação de alianças em torno de seus partidos para definir quem vai ocupar as posições. Dentre os 23 pré-candidatos ao governo do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, apenas 7 anunciaram os vices.

O posto de vice-governador nas chapas eleitorais é visto como estratégico para barganhar apoios de legendas que garantam soma de fundo partidário e tempo de TV e rádio. A diminuição do período de campanha, empurrando as convenções para o fim de julho e o começo de agosto, porém, postergou a decisão em torno dos nomes de vices.

No Rio Grande do Sul, metade dos oito pré-candidatos ao Palácio Piratini anunciou seus vices. Jairo Jorge (PDT) terá ao seu lado Cláudio Bier (PV), e Eduardo Leite (PSDB) conta na chapa com Ranolfo Vieira Júnior (PTB). O Novo e o PMB virão com "chapa pura". Mateus Bandeira (Novo) deverá concorrer ao lado de Bruno Miragem (Novo). Já Luiz Fernando Portella (PMB) terá Danielle Lima (PMB) no posto de vice.

Entre os pré-candidatos que não anunciaram o vice no Rio Grande do Sul, o discurso é de que estão aguardando a formação das coligações. Miguel Rossetto (PT) afirmou que o partido aguarda conversas com aliados, mas não escondeu a vontade da sigla em contar com o PCdoB. "Respeitamos qualquer posição deles, nos preparamos para disputar com nomes nossos, temos história para apresentar uma nominata forte para toda a chapa majoritária", disse. A decisão deve ficar para a convenção estadual, em 28 de julho.

O PP, do pré-candidato Luis Carlos Heinze, também está aguardando fechar acordos para anunciar o vice. Contudo, o presidente estadual da sigla, Celso Bernardi, afirmou que a vaga estaria reservada ao DEM, que estará na coligação de Heinze. Abigail Pereira (PCdoB) e Roberto Robaina (PSOL) também não possuem pré-candidatos a vice e, segundo seus partidos, esperam a formação de alianças para tomar a decisão.

José Ivo Sartori (MDB), governador do Rio Grande do Sul, não confirma nem descarta sua pré-candidatura à reeleição. No partido ela é dada como certa. Se confirmada sua candidatura, Sartori deverá repetir a chapa vencedora de 2014, com José Paulo Cairoli (PSD) como vice.

No Paraná, nenhum dos três principais pré-candidatos ao governo tem comentado a composição de chapa. Enquanto o deputado estadual Ratinho Junior (PSD) tem vários nomes em vista, principalmente ligados ao empresariado - como Edson Campagnolo (PRB), ex-presidente da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP), e o ex-presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR Darci Piana (PSD) -, a governadora Cida Borghetti (PP) diz que a definição do nome só ocorrerá na convenção, que deve ocorrer em 5 de agosto.

O ex-senador Osmar Dias (PDT) também não cita postulantes ao cargo de vice. "Normalmente, o candidato ao governo não escolhe o vice. Foi assim que aconteceu comigo. Escolhem pelo candidato. A aliança praticamente impõe. Dessa vez não", declarou.

Entre os outros pré-candidatos do Paraná, apenas Geonísio Marinho (PRTB) definiu vice, que será Eliceu Palmonari (PRTB). O Professor Piva (PSOL) disse que o partido definirá a composição de chapa no domingo, e Jorge Bernardi (Rede) declarou que ainda está conversando com outras legendas. "A ideia é que seja uma pessoa com formação técnica profissional, que seja mulher e, de preferência, do interior do Estado", afirmou. Doutor Rosinha (PT) demonstra que o partido deve ter alguém do PCdoB na posição de vice, mas ainda não confirma.

Em Santa Catarina, apenas dois dos oito pré-candidatos ao governo anunciaram seus vices para a eleição em outubro. A Rede deverá ter chapa composta com Professor Rogério Pontanova à frente e Regina Célia dos Santos de vice. Já o pré-candidato pelo PSOL, Leonel Camasão, terá Caroline Bellaguarda, do mesmo partido, no posto.

Entre os outros pré-candidatos, o deputado estadual Gelson Merísio (PSD) é o único que citou alguns postulantes ao cargo, como a ex-deputada federal Angela Amin (PP), o deputado estadual Silvio Dreveck (PSB) e o empresário e vereador Ninfo Konig (PSB). Os deputados federais Mauro Mariani (MDB) e Esperidião Amin (PP) e o senador Paulo Bauer (PSDB) dizem que aguardam a formação das alianças para anunciar os vices.

O deputado federal e pré-candidato ao governo catarinense Décio Lima (PT) afirmou que o cenário pulverizado no Estado, com diversos nomes já colocados na disputa, atrasa a formação de alianças. "Não estou usando isso como instrumento para efeito de barganha, quero fazer uma política que possa aglutinar", disse.

O cientista político da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Tiago Borges afirmou que, além de cálculo de tempo de propaganda eleitoral e de recursos partidários, as alianças e os nomes de vices também influenciam na contagem de futuras bancadas nos parlamentos estaduais. "Há um cálculo eleitoral e também de formação de governo."

Ele disse que bons nomes de vice são pessoas discretas que oferecem coligações de sustentação, mas, em alguns casos, é possível identificar candidatos que tranquilizem os mercados, com uma estratégia moderada. "Um vice que venha de um partido rachado não é um bom vice, por exemplo, porque seu nome tem de ser praticamente unânime", disse.

Borges afirmou que, além da diminuição do tempo de campanha, o contexto das eleições presidenciais tem atrasado as escolhas de alianças e nomes de vices nos Estados. "A situação política brasileira está bem indefinida de forma geral, não está clara a estratégia dos partidos políticos. E a influência presidencial é significativa nos Estados", afirmou.

Estadão
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