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Hare Krishna, Goura chegou à Assembleia do Paraná

Com mais de 20 anos de ativismo pela ciclomobilidade, Goura não quer ser conhecido como o parlamentar de uma pauta só

11 out 2018 - 22h26
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O nome na certidão de nascimento é Jorge Brand, mas, na urna, ao digitar o número do então candidato, o eleitor encontrava a inscrição "Goura", acompanhada da foto do jovem louro e barbudo. Eleito deputado estadual com 37.366 votos - 37º na lista de 54 parlamentares da Assembleia Legislativa do Paraná -, o hoje vereador do PDT de Curitiba adotou o nome aos 18 anos, em um batismo Hare Krishna.

Professor de ioga, mestre em filosofia, o atual político é adepto da cultura da paz. Um pouco por isso, quando mais jovem, já ativista da ciclomobilidade, recusou que um cargo eletivo poderia ser seu espaço. Em 2007, chegou a ser multado por crime ambiental pela prefeitura de Curitiba ao pintar clandestinamente a primeira ciclofaixa da cidade. Depois, compreendeu que, "do lado de dentro", poderia fazer mais do que tentar convencer os ocupantes do poder.

Goura, deputado estadual eleito pelo PDT do Paraná
Goura, deputado estadual eleito pelo PDT do Paraná
Foto: Divulgação/Goura / Estadão

Goura já havia tentado ser deputado federal em 2014. Então do PV, não alcançou o cargo, mas a visibilidade o colocou na equipe de Mobilidade da Secretaria de Trânsito de Curitiba. Na ocasião, aproximou o poder público do movimento e atingiu outras conquistas, como a redução da velocidade no centro da cidade, a criação da "calçada verde", de para-ciclos e campanhas educativas - algumas remodeladas pelo atual prefeito, Rafael Greca (PMN).

Hoje, já vereador, foi além da defesa da bicicleta, com um dos mandatos mais combativos ao Executivo da Câmara Municipal. "O papel principal do Legislativo é de fiscalização do Executivo. Acho um absurdo o legislador abrir mão dessa prerrogativa em troca de cargos e verbas para o bairro. Vou fomentar ainda mais a fiscalização e a participação popular do mandato, trabalhando com autonomia e independência (na Assembleia)", declarou ao Estado.

Apesar de elencar como prioridades do novo mandato a mobilidade urbana e a preservação do meio ambiente, Goura não quer ser conhecido como o deputado de uma pauta só. "Temos uma oportunidade histórica em avançarmos em outros temas, mesmo nesse mar adverso. Não podemos ficar num discurso populista", apontou. O mar adverso, para ele, está no discurso político "que flerta com o autoritarismo e com desrespeito aos direitos humanos".

3 perguntas para... Goura

Como entrou na política?

Tenho um trabalho histórico de quase 20 anos de ativismo, na questão da mobilidade, questões sociais. Fui eleito vereador por causa desse movimento. E é um movimento, não um sindicato, ou seja, traz um sentimento de identidade para as pessoas. E agora consegui ser eleito (deputado estadual) num contexto de extrema adversidade.

Diante desse ambiente 'adverso', qual vai ser sua postura?

Vou manter a postura que sempre tive. Os Legislativos são espaços para diversidade de vozes da sociedade, eles foram eleitos, tem a representatividade do voto, mas é discurso que flerta com o autoritarismo, com o desrespeito aos direitos humanos. Vou manter uma postura firme na defesa de posições constitucionais, pautar o mandato em torno de questões urbanas, da mobilidade, da preservação ambiental.

Essa postura te fez chegar à Assembleia?

Há um reconhecimento dessa postura. Sou o único vereador (de Curitiba) eleito (deputado estadual). Isso mostra que, dentre outras coisas, as posições foram reconhecidas. É preciso pensar a política como uma coisa legal, participativa, espero que essa renovação sirva para aumentar a participação nas eleições.

Estadão
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