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Em campanha por Covas, Doria dá nova roupagem a seu plano de concessões e atração de investimentos

Ao lado do prefeito, governador de SP diz que programa tem capacidade de atrair R$ 36 bilhões em investimentos e gerar 2 milhões de empregos

16 out 2020 - 15h38
(atualizado às 18h15)
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Em uma entrevista coletiva em que buscou tanto demonstrar apoio ao candidato à reeleição na capital, Bruno Covas (PSDB), quanto pontuar diferenças com a gestão Jair Bolsonaro, o governador João Doria (PSDB) anunciou o lançamento de um plano de retomada econômica após a pandemia do coronavírus que trouxe uma nova roupagem a programas de concessão que já haviam sido anunciados no primeiro ano de governo, mas que ainda estão no papel.

São iniciativas como concessão de 22 aeroportos do interior do Estado, em lotes, das Linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), rodovias no litoral e no interior, o Ginásio do Ibirapuera, o Jardim Zoológico e a construção de um trem intercidades entre São Paulo e Campinas. Doria estimou que o programa teria capacidade de atrair R$ 36 bilhões em investimentos e gerar 2 milhões de empregos.

A promessa é que todos esses planos saiam do papel nos próximos dois anos, uma renovação de prazos já anunciados, uma vez que a proposta de todas essas concessões era que fossem finalizadas ainda antes de 2022, quando Doria planeja disputar a Presidência contra Bolsonaro.

Doria foi perguntado sobre o fato de não haver projetos novos, mas não respondeu "As datas dos editais serão informadas oportunamente. Temos um plano 21 e 22", disse. O secretário de Relações Internacionais, Julio Serson, afirmou que há uma agenda de reuniões online previstas ainda neste ano com empresas internacionais, antes da retomada das viagens de Doria.

Na apresentação, o governador encarregou o secretário de Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e presidente do Banco Central que tem credibilidade no mercado financeiro, de apresentar o plano, pontuando que o governo atua com respeito ao meio ambiente e que está enfrentando o coronavírus com base em critérios científicos. "São Paulo quer crescer atento a todas as normas internacionais de conservação e preservação", afirmou Meirelles.

Além dos itens do pacote de concessões, Meirelles citou a criação de 14 polos de desenvolvimento regionais, e ações para facilitar a abertura de empresas e recolhimento de impostos, que ainda serão detalhados.

O programa foi batizado de Plano 21-22. "Ele será efetivado exatamente como foi apresentado aqui, nos próximos dois anos", disse Doria, que anunciou uma nova rodada de viagens para países do hemisfério norte e da Ásia, em um "roadshow" para divulgar os projetos e atrair investimentos - da mesma forma como ele fez na Prefeitura de São Paulo e no ano passado, após assumir o governo.

Covas, na coletiva, pediu a palavra para dizer que estava enviando, nesta sexta-feira, um projeto de alteração na Lei Orgânica da cidade para determinar que o acesso à internet seja um direito fundamental na cidade, "como saúde e educação", segundo disse, em um momento que adversários de campanha citam prover acesso à rede por meio de antenas Wi-Fi.

Reações

Para Armando Castelar, coordenador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), os investimentos em infraestrutura são promissores e há uma grande demanda por esses serviços. "O financiamento está relativamente barato, com juros mais baixos, o que reduz os custos. Também há muita mão de obra disponível."

Ele pondera, no entanto, que os projetos costumam demorar a sair do papel e o investidor avalia a viabilidade e a segurança jurídica das ofertas. "Não é certo que uma linha de trem entre São Paulo e Campinas, por exemplo, seja viável. No caso dos aeroportos regionais, eles eram promissores, mas não é tão claro que, com as mudanças de comportamento que a covid-19 trouxe, esse vai ser um bom negócio."

Já Bruno Lavieri, da 4E Consultoria, avalia que o estímulo ao investimento via PPPs e concessões acaba sendo necessário. Ainda assim, pode ser que as incertezas por conta dos desdobramentos da pandemia dificultem a atração de investidores e rebaixe os valores de contratos. "Espera-se que isso melhore. A pandemia desorganizou o cenário internacional, só que a maior parte dos países está com juros baixos, e o investidor tem buscado boas oportunidades. Estimular esse tipo de ação pode ser um caminho para uma recuperação um pouco mais rápida."

Estadão
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