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Eleições 2018: Países passaram a selecionar quem pode ser professor

Cingapura passou a aceitar apenas os 30% melhores colocados nos exames para cursar Pedagogia; Chile estipulou nota mínima, equivalente a 70% da prova do Enem no país, para aspirantes a docente

19 ago 2018 - 05h12
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Uma seleção mais rígida de quem pode ser professor no País é uma das apostas de especialistas para melhorar a qualidade do que é ensinado. Cingapura passou a aceitar apenas os 30% melhores colocados nos exames para cursar Pedagogia. O Chile estipulou nota mínima, equivalente a 70% da prova do Enem no país, para aspirantes a professor.

Os docentes do país andino também passam por avaliações de desempenho, determinantes para aumentar o salário. "As carreiras médicas e de educação foram colocadas como centrais para o desenvolvimento do Chile. No Brasil, tem-se a ideia de que professor é uma profissão simples", diz a brasileira Paula Louzano, ex-pesquisadora de Stanford que dirige uma faculdade no Chile. O Brasil proibiu novos cursos de Medicina, mas não há nada parecido em Pedagogia.

Outra relação com a carreira médica é o foco na prática. Os estágios no Chile são organizados pelas faculdades e têm acompanhamento rígido. No Brasil, eles quase não existem e os cursos têm quatro vezes mais disciplinas sobre os fundamentos teóricos do que em países que se tornaram modelo mundial. Disciplinas sobre "como ensinar" e "o que ensinar" aparecem cinco vezes menos.

A legislação ainda permitiu a abertura de muitos cursos a distância, que dificultam o foco na prática. Hoje já há mais estudantes em cursos de Pedagogia a distância do que presenciais no Brasil - 379 mil ante 299 mil.

Especialistas falam em mais dinheiro para ensino básico

A valorização do professor esbarra no debate sobre o financiamento da educação, em que a discussão é o aumento do investimento na educação básica. Hoje, a cada R$ 1 que se gasta no Brasil com o aluno de escolas de educação infantil, fundamental e média, são R$ 3 no ensino superior.

No começo dos anos 2000, porém, a relação era muito maior: investia-se dez vezes mais em cada estudante de graduação. Os valores estão em cerca de R$ 6 mil por aluno, por ano, na educação básica e em R$ 22 mil no superior (200% a mais). Os outros países também gastam mais com o superior, mas a diferença é de 70%. Discute-se ainda como o orçamento do MEC (R$ 130 bilhões) deve ser dividido. Hoje, 60% vão para universidades e institutos federais.

Estadão
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