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Defesa da democracia por Moraes une candidatos e pressiona Bolsonaro

17 ago 2022 - 18h06
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O discurso de posse na Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do ministro Alexandre de Moraes, na véspera, com defesa enfática da democracia, da soberania do voto e das urnas eletrônicas foi recebido pela classe política como já esperado, mas extremamente necessário diante dos ataques reiterados ao sistema eleitoral liderados pelo presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).

Se por um lado, ecoou argumentos já abordados por Moraes e outros integrantes da corte eleitoral em defesa do sistema, serviu, de outro, para a reafirmação institucional da parte dos mais variados campos políticos.

O novo presidente do TSE conseguiu transformar uma cerimônia, em outros anos protocolar, em uma chancela da autoridade da corte ao reunir no mesmo evento ex-presidentes, entre eles o candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas, o próprio Bolsonaro e outros candidatos ao Planalto.

O discurso ganhou apoio público de vários candidatos e isolou a conduta de Bolsonaro, que tem afirmado sem provas que o sistema é vulnerável a fraudes. O presidente permaneceu sisudo a maior parte do tempo no evento da terça-feira.

Ainda assim, até mesmo no comando da campanha de Bolsonaro, que avalia que um caminho sem confrontos sobre o sistema eleitoral é o melhor para o ocupante do Planalto crescer nas pesquisas, a cerimônia foi vista como positiva. A visão é a de que Bolsonaro cumpriu o protocolo, o que para duas fontes internas da campanha é um sinal de ao menos uma trégua temporária do presidente com Moraes.

Segundo uma fonte próxima do presidente do Congresso e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), a avaliação é que a fala de Moraes está alinhada com a postura que o senador já vem adotando --de defesa enfática do sistema eleitoral.

Para uma outra fonte, próxima do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), aliado de Bolsonaro, o discurso foi recebido "sem grandes sustos", possivelmente até mesmo, avalia, da parte do presidente. Cobrado, Lira também tem feito discurso público a favor do sistema público de votação.

O ex-presidente e líder nas pesquisas na disputa pelo Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por sua vez, afirmou que a fala de Moraes foi um "sinal muito forte da sociedade brasileira de que a maioria soberana quer a democracia". O petista não deixou de citar que o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) ficou "claramente incomodado" durante a cerimônia. Para Lula, a Justiça Eleitoral, assim como as urnas eletrônicas, saíram fortalecidas.

É de Bolsonaro e aliados que parte boa parte dos ataques à Justiça Eleitoral e às urnas. O presidente, que defendia o voto impresso e vem afirmando, sem apresentar provas, que o sistema eleitoral é passível de fraude, já chegou a dizer que não aceitaria o resultado de eleições que não considerar "limpas". Também já se referiu ao novo presidente do TSE como "canalha".

Nesta quarta, Bolsonaro negou, em uma ação que corre no TSE, que tenha atacado as urnas, justificando que suas declarações têm, na verdade, o objetivo de aprimorar os instrumentos democráticos.

Outros presidenciáveis também se posicionaram sobre o discurso de terça à noite. Terceiro colocado nas pesquisas, Ciro Gomes (PDT) fez questão de dizer, pelo Twitter, que esteve na posse e aproveitou para "reiterar minha confiança de que o novo presidente saberá conduzir a eleição mais tensa dos últimos anos".

A senadora Simone Tebet (MDB), em quarto lugar em algumas pesquisas --em outras ela chega a empatar dentro da margem de erro com Ciro-- também usou a rede social para comentar o evento da véspera. A candidata afirmou ter protocolado no TSE o compromisso de uma campanha limpa, em fake news e respeitando a legislação eleitoral.

"'Liberdade de expressão não é liberdade de destruição...Não podemos tolerar discursos de ódio e ataques à democracia'. Frases do presidente do TSE, @alexandre que assino embaixo", tuitou a senadora.

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