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Daciolo busca em montes preparação para debates, conta sua mulher

Os evangélicos que frequentam esses montes costumam valorizar o esforço feito nas trilhas para chegar ao local que veem como sagrado

14 ago 2018 - 10h43
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RIO - Na segunda-feira, 13, Cristiane não viu o marido, o deputado federal e presidenciável Cabo Daciolo (Patriota), acordar. Ele levantou por volta das 5h e foi direto para o Monte das Oliveiras orar. Em entrevista ao Estado, a corretora de seguros de 47 anos, casada há 20 com o deputado, conta que foi nesta região de mata, no alto do bairro de Campo Grande, na zona oeste do Rio, que Daciolo se preparou para o debate presidencial que protagonizou na TV Bandeirantes, na última semana.

Também seria impossível Daciolo encontrar um tempo para dar qualquer entrevista na segunda, respondeu. O parlamentar iria direto do monte para casa, "tomaria um banho, botaria um terno, e iria para Brasília". É no Monte das Oliveiras que Daciolo costuma passar seu tempo livre. Ou em outros "montes", como o de Sete Castiçais, em Mesquita ou o Horebe, em Campo Grande.

O objetivo é se conectar com Deus, assim como também fazia Jesus Cristo na Bíblia. Os evangélicos que frequentam esses montes costumam valorizar o esforço feito nas trilhas para chegar ao local que veem como sagrado. O compromisso religioso do deputado também faz a mulher ver pouco o marido. Ele costuma ficar até dez dias acampado "nos montes".

Cristiane não consegue acompanhá-lo na peregrinação porque, além de os locais serem muito frios, Daciolo gosta de ir sozinho ou na companhia de um pastor amigo, com quem já frequentou uma pequena igreja, depois fechada.

"Eu vou algumas vezes, mas nem sempre, porque tem compromisso com as crianças, com limpeza. Na maioria das vezes ele vai só", afirma a mulher, mãe dos três filhos do deputado e bombeiro militar da reserva. Neste domingo, ela conta que só conseguiu ver o marido porque Daciolo desceu do morro para o Dia dos Pais. No início da manhã de segunda, o parlamentar já estava de volta ao local de orações.

"Não sei se você está acompanhando, mas o Daciolo está com um propósito muito grande nessa campanha de ir em debate e a montes. Ele é um homem de muita oração, um homem que busca muito a Deus nos montes", justifica. Cristiane respeita esta rotina porque acredita que a ascensão de Daciolo na política é graças à vida espiritual.

"Você vê que é bem sobrenatural o que acontece na vida dele. O que aconteceu no último debate para gente foi 100% sobrenatural. A forma como o nome dele foi impulsionado você vê que não é do Homem. As pessoas, às vezes, não acreditam, mas a gente tem essa convicção", diz a mulher.

O preparo de Daciolo para debates e discursos, segundo ela, também é sempre espiritual. "Para ele começar essa campanha para a Presidência, para ela acontecer, porque dependiam de várias coisas, como abrir legenda, do partido aceitar, de ter cinco parlamentares para ele poder ir pra debate, para tudo isso acontecer, ele teve um jejum de 40 dias. Só bebia água e água de coco", conta.

A explicação, segundo Cristiane, é crível na medida em que Daciolo não tem apoio da máquina política, não tem marqueteiro e nem investimentos robustos de campanha. "O único apoio que ele tem é sobrenatural. É verdadeiramente a mão de Deus que está naquele cara ali, você pode ter certeza", diz Cristiane.

A corretora conheceu Daciolo em uma festa promovida por um banco em que trabalhava. Na época, os dois ainda não eram evangélicos. Ele estava no curso para se tornar bombeiro e acabava de voltar de uma temporada nos Estados Unidos. Lá, tentara a vida por dois anos, pintando paredes e levando uma vida difícil, conta a mulher.

Antes disso, ele quase passou para um curso de comissário de bordo, emprego de seu irmão. O pai é coronel da aviação reformado. Depois de três meses, o casal já morava junto. A adoração pelo marido é tanta que resolveu escrever há cerca de três anos um livro sobre ele.

"Você acredita em príncipe em cavalo branco? Você acha que existe aquele homem perfeito? Existe. E Daciolo é um homem perfeito, extraordinário em todos os sentidos", diz a mulher, com tom de admiração. "Às vezes, as pessoas acham que o Daciolo é um louco. Ele não é um louco, é um cara muito estudado, preparado, informado. Quem conversa com ele pessoalmente vê", argumenta.

Ela também resolveu cursar um curso de jornalismo só para fazer a assessoria de imprensa do marido. Está no quinto período. "Decidi fazer o curso para dar esse suporte porque ele não tem ninguém. Tanto que, no debate (da TV Bandeirantes), você pode ver que eu que fiquei ao lado dele, dando suporte em tudo, acompanhando nas redes", disse.

Cristiane também costuma fazer o "fact checking" das informações da campanha. "Nós buscamos muito por nos basear em conteúdo oficial. Geralmente pessoas nos fornecem dossiês nessas andanças dele pelo mundo, ou chegam pelo gabinete ou email. Eu filtro, consulto fontes, vejo de onde surgiu a informação e passo para ele", disse.

A mulher também diz não gostar das comparações feitas entre ele o candidato Jair Bolsonaro (PSL), por conta de suas pautas "pró-família", ódio ao comunismo e um patriotismo exacerbado. Bolsonaro prega que "bandido bom é bandido morto", afirma ela. Daciolo, conta, é a favor de "bandido bom é bandido lavado e remido no sangue do Senhor Jesus Cristo".

"Eles têm ideologias diferentes", sustenta. Cristiane, que frequenta a igreja Bola de Neve, também revela que o sonho de Daciolo sempre foi ser presidente para poder "transformar" o País. "Como deputado, ele viu que não adianta muita coisa, porque para passar qualquer projeto ele teria que contar com apoio. Ele quer transformar a nação. Os objetivos dele envolvem coisas grandiosas, que têm que vir de Deus. Esse é propósito da vida dele", disse.

Estadão
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