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Assassinatos influenciam prévias do PT em São Paulo

Mortes de duas pessoas têm sido usadas por opositores internos de Jilmar Tatto

12 mar 2020 - 05h13
(atualizado às 12h40)
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SÃO PAULO - Integrantes da cúpula do PT avaliam que os assassinatos de duas pessoas ligadas ao vereador Senival Moura (PT-SP) no intervalo de uma semana terão influência na escolha do candidato do partido à Prefeitura de São Paulo. Senival é do grupo político do ex-deputado Jilmar Tatto, favorito na disputa interna pela legenda do PT na capital paulista desde que o ex-prefeito Fernando Haddad recusou a candidatura, na semana passada. Tatto foi secretário de Transportes em duas gestões do PT na cidade, enquanto Senival tem nos perueiros da cidade seu reduto eleitoral.

Os assassinatos deFrancisco Pereira de Brito, o "doutor Tito", secretário de Esportes de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, e de Adauto Soares Jorge, presidente do consórcio Transunião, empresa de transporte que opera na zona leste da capital, viraram munição para os adversários internos de Tatto.

Fernando Haddad participa do primeiro dia de evento em comemoração aos 40 anos do Partido dos Trabalhadores (PT), no Circo Voador, na Lapa, Zona Central da cidade do Rio de Janeiro (RJ)
Fernando Haddad participa do primeiro dia de evento em comemoração aos 40 anos do Partido dos Trabalhadores (PT), no Circo Voador, na Lapa, Zona Central da cidade do Rio de Janeiro (RJ)
Foto: Gleisi Hoffmann/TWITTER / Estadão Conteúdo

Na última quarta-feira, 11, petistas contrários à indicação do ex-deputado compartilharam fotos de Doutor Tico com Senival e outros integrantes do grupo político de Tatto, entre eles o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), irmão do pré-candidato. Tico foi assassinado com 20 tiros na véspera. Em uma rede social, Senival diz que o deputado destinou emenda parlamentar para obras da Secretaria de Esporte de Ferraz de Vasconcelos.

Segundo integrantes da cúpula do PT, a proximidade das vítimas com lideranças petistas e boatos disseminados sobre as circunstâncias dos homicídios constrangem o partido e podem respingar no processo de escolha do candidato a prefeito da maior cidade do Brasil.

A morte de Jorge, na semana passada, já havia chamado a atenção dos petistas. O empresário de ônibus era amigo do vereador há 30 anos. Depois da morte, com dois tiros na cabeça, em uma padaria do bairro Lageado, zona leste, Senival havia pedido escolta da Polícia Militar à Câmara Municipal.

Após a segunda morte, membros da bancada na Câmara Municipal descreveram o vereador como "isolado", e disseram que ele tem evitado conversar sobre os crimes. Na quarta, quando o parlamento estava lotado para a votação de um projeto de lei da área de transportes - mudanças nas regras para serviços por aplicativo, como Uber e 99 - Senival ficou em seu gabinete, conversando com aliados.

Segundo pessoas próximas, o vereador está irritado com o uso político das mortes. Ele pretende manter sua candidatura para a reeleição neste ano e apoiará Jilmar Tatto nas prévias do PT para a Prefeitura.

Para Tatto, "Senival é uma vítima" da violência e a proximidade do vereador não atrapalha sua candidatura. "Não atrapalha. Quem está dizendo isso é gente preocupada em perder a prévia no primeiro turno". Tatto disse ter apoio de seis vereadores, cinco deputados estaduais e três federais.

Além de Jilmar Tatto, disputam as prévias o vereador Eduardo Suplicy, os deputados Carlos Zarattini e Alexandre Padilha, o ex-deputado Nabil Bondouki e a militante Kika Silva.

Até a semana passada dirigentes petistas ainda acreditavam que Haddad poderia mudar de ideia e aceitar a legenda para disputar a prefeitura pela terceira vez. Em conversa com o presidente municipal do PT, Laércio Ribeiro, no entanto, Haddad reafirmou que não será candidato. Ele alega motivos familiares e pessoais para recusar a legenda, mas líderes petistas dizem que o motivo real é a falta de apoio na direção nacional do PT. Haddad não conseguiu emplacar nenhum aliado na Executiva Nacional do partido, hoje dominada pela presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, desafeta do ex-prefeito.

Procurados, os diretórios municipal, estadual e federal do PT não se manifestaram.

Cenário. Após a desistência de Haddad, outras forças de esquerda anunciaram seus pré-candidatos à Prefeitura paulistana. O PSOL deve ter chapa formada pelo líder sem-teto Guilherme Boulos e pela deputada e ex-prefeita Luiza Erundina. O ex-governador Márcio França (PSB) anunciou que vai disputar em aliança com o PDT.

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