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Após pressão dos tucanos, José Ronaldo (DEM) oferece vaga de vice-governador ao PSC

Principal pré-candidato da oposição ao governo baiano pode perder apoio da legenda evangélica, que quer vaga ao Senado na chapa

10 jul 2018 - 05h12
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SALVADOR - O ex-prefeito de Feira de Santana e pré-candidato do DEM ao governo da Bahia, José Ronaldo, passou a adotar uma nova estratégia na formação da sua chapa majoritária, a principal do campo de oposição no Estado. Pressionado pelo PSDB baiano, que rejeita a presença do deputado federal Irmão Lázaro (PSC) como pré-candidato a senador na composição eleitoral, José Ronaldo voltou atrás da decisão de ter o parlamentar evangélico na disputa por uma cadeira no Senado e passou a oferecer a vaga de vice-governador ao PSC.

Sem acenos positivos do pré-candidato do DEM, o PSC prometeu começar, a partir desta segunda-feira, 9, uma série de conversas com outros pré-candidatos ao governo baiano, em busca de um acordo que viabilize a pré-candidatura de Lázaro ao Senado. O recuo, que cedeu às pressões dos tucanos, desagradou a direção estadual do PSC, que descarta qualquer possibilidade de aceitar a proposta do DEM.

Segundo o novo presidente do PSC na Bahia, o deputado estadual Heber Santana, a legenda "se sente livre" para negociar outras alianças. "Não dá mais para ficar aguardando", afirmou ao Estado.

Animado com convites insistentes do pré-candidato do MDB ao governo baiano, o ex-ministro da Integração Nacional João Santana, Heber também não descarta, contudo, a formação de uma coligação em torno de uma candidatura avulsa ao Senado.

Discussões sobre uma possível coligação estão acontecendo com partidos como Pros, PHS e PEN, segundo o presidente do PSC na Bahia e o pré-candidato da legenda ao Senado.

A decisão, explicou Lázaro, levará em conta principalmente o impacto nas eleições proporcionais. O PSC estima eleger três deputados estaduais e um deputado federal (o próprio Heber Santana) caso esteja coligado com José Ronaldo ou outro candidato a governador. Uma candidatura avulsa, no entanto, poderia inviabilizar a eleição de um representante para a Câmara dos Deputados. "Vamos ter que fazer conta para decidir", afirmou o parlamentar evangélico, terceiro deputado mais votado da Bahia em 2014, com 161 mil votos.

Encontro

José Ronaldo compareceu ao encontro estadual do PSC - na tarde do sábado, 7, em um hotel de Salvador - diante da possibilidade de perder o apoio da sigla. Ao lado do vice-prefeito da capital baiana, Bruno Reis (DEM), um dos principais articuladores políticos da oposição, e de outros correligionários, o pré-candidato ao governo fez acenos na direção de Heber e Irmão Lázaro.

Evasivo, porém, como de costume, José Ronaldo afirmou ao Estado que conseguirá "resolver essa questão em breve". Na sequência, discursou ao lado dos dirigentes estaduais do PSC, do presidente nacional do partido, o pastor Everaldo Dias, e do pré-candidato do Planalto Paulo Rabello de Castro. Em tom elogioso, José Ronaldo ressaltou insistentemente o compromisso em eleger Heber Santana deputado federal, mas só citou Irmão Lázaro no final de sua fala, convidando-o para sua chapa, mas sem dizer em qual posição. A plateia, lotada de fiéis da igreja Assembleia de Deus, curral eleitoral do PSC, aplaudiu discretamente.

O encontro também não animou interlocutores próximos ao pré-candidato do DEM, que admitem a complexidade da aliança, já que o PSDB só aceita a presença de Irmão Lázaro na coligação se ele aceitar a vaga de vice-governador. A cúpula do tucanato baiano teme que a força eleitoral do deputado evangélico oblitere a pré-candidatura ao Senado do atual deputado federal Jutahy Magalhães Jr. (PSDB).

O medo tem fundamento em pesquisas de consumo interno, que mostram Lázaro à frente de Jutahy em todos os cenários. Todas as simulações eleitorais para o Senado são lideradas pelo ex-governador e ex-ministro petista Jaques Wagner, que comporá a chapa do governador da Bahia e pré-candidato à reeleição Rui Costa (PT).

Estadão
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