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Alckmin apresenta o pior desempenho entre tucanos em SP

Ex-governador tem 16% das intenções de votos no Estado, porcentual inferior ao de Serra em 2010 e de Aécio em 2014

4 out 2018 - 05h11
(atualizado às 11h35)
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O candidato à Presidência nas eleições 2018 Geraldo Alckmin chega à votação em primeiro turno com o pior índice de intenção de votos obtido por um tucano em São Paulo - reduto histórico do PSDB e maior colégio eleitoral do País - desde 2006, ano em que ele próprio foi o candidato do partido ao Planalto. Nascido em Pindamonhangaba, no interior, Alckmin governou o Estado quatro vezes e, apesar de ter deixado o Palácio dos Bandeirantes com 36% de aprovação, em abril deste ano, só tem 16% da preferência entre os paulistas.

Segundo analistas, o resultado no Estado tem significativa influência no baixo desempenho de Alckmin no cenário nacional - ele continua em quarto lugar nas pesquisas, com 7% das intenções de voto.

Segundo a mais recente sondagem Ibope/Estado/TV Globo, divulgada nesta quarta-feira, 3, Jair Bolsonaro (PSL) tem 32%, Fernando Haddad soma 23% e Ciro Gomes (PDT), 10%. Em São Paulo, Alckmin tem apenas um ponto a mais que o candidato petista, e metade das intenções de voto em Bolsonaro.

Levantamento feito pelo Estado mostra que, até esta eleição, o menor porcentual de apoio de um candidato à Presidência pelo PSDB entre os paulistas tinha sido registrado por Aécio Neves, em 2014. Pesquisa Ibope de 1.º de outubro daquele ano - divulgada quatro dias antes do primeiro turno -, dava a ele 22% dos votos em São Paulo. Patamar que dobrou no dia da eleição, chegando a 44% dos votos válidos - com isso ele foi para o segundo turno com a então presidente Dilma Rousseff.

Quando a comparação se dá com o próprio Alckmin - candidato tucano ao Planalto em 2006-, a diferença fica maior: uma semana antes da eleição, ele já tinha 42% da preferência em São Paulo e na data do primeiro turno alcançou 54%, a maior vitória até agora de um tucano no Estado.

"Alckmin caminha para superar ele próprio. Em 2006, vale lembrar que ele teve o pior resultado num segundo turno presidencial. Foi o único candidato até hoje a reduzir sua votação do primeiro para o segundo turno (foram 2,4 milhões de votos a menos). Agora, caminha para ter o pior resultado de um tucano e não só em São Paulo", afirma o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV-SP.

Para o analista, são diversos os motivos que devem levá-lo a esse posto, mas o racha em seu quintal é o mais significativo. "O PSDB está desmilinguindo em São Paulo. Nem o candidato do próprio partido ao governo do Estado, João Doria, está com ele. Aliás, Doria tentou estar no lugar nessa corrida presidencial. O ambiente aqui é muito adverso, o que colabora, é claro, para o cenário nacional", completa Teixeira.

Antipetismo. É certo que o contexto atual é bem distinto dos demais, mesmo o de 2014. Após o impeachment de Dilma, o antipetismo talvez tenha atingido seu ápice hoje e o candidato que representa esse movimento não é mais o do PSDB, como sempre ocorreu em todos os pleitos presidenciais desde 1994.

Com Bolsonaro cada vez mais fortes nas pesquisas nacionais e, especialmente em São Paulo - onde o deputado também tem 32% das intenções de voto -, a campanha de rua de Alckmin em São Paulo quase passa despercebida. Anteontem, na zona norte da capital, o tucano fez caminhada acompanhado de poucos correligionários e com uma claque cada vez mais reduzida - segundo o Estado apurou, são apenas quatro equipes com dez a 15 pessoas cada.

A difícil relação com Doria também ajuda a disseminar 'traições' a Alckmin dentro e fora do Estado que governou por mais de 13 anos. "O presidente estadual do partido, Pedro Tobias, tem que levantar quem deserdou. Tá todo mundo vendo isso acontecer. É uma barbaridade que prejudica não só o Geraldo, mas o 45, o partido, que precisa fazer uma bancada forte no Congresso", diz o deputado Floriano Pesaro, que tenta a reeleição.

Tentando se mostrar otimista com uma possibilidade de virada, Alckmin repete diariamente que a "virada" virá. "Essa semana é a mudança. Vamos trabalhar forte até domingo."

Estadão
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