Veja o que pode e o que não pode na hora do registro de uma criança, saiba se existem nomes proibidos. Entenda como é a escolha dos nomes em outros países e descubra qual é o maior nome do mundo e outras curiosidades. Quantas letras tem o maior nome do mundo? Veja curiosidades sobre registros de pessoas Cartola - Agência de Conteúdo "Que tal Alice?". "Ah, eu gosto mais de Sofia." "Sofia é bom, mas e se for menino?". "Se for menino, eu gostaria que se chamasse Beatles!". "Você está louco?!". No diálogo fictício entre futuros papais, o rechaço da esposa seria só o início do incômodo para um desejo tão excêntrico. Na hora do registro de nascimento, mais gente se incomodaria com a escolha do pai beatlemaníaco: os oficiais do cartório que, apoiados no bom senso, têm o poder de barrar nomes que podem se tornar motivo de chacota para a criança. Além de pensar na beleza do nome e no significado daquela palavra, questões comumente discutidas pelos pais, há uma grande responsabilidade na hora de escolher o nome do filho. Segundo o presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR), Rogério Portugal Bacellar, deve-se pensar no futuro da criança. "A vaidade não pode expor o jovem ao ridículo na adolescência", observa. Mas, afinal, o que regula o que pode e o que não pode? Como é a escolha dos nomes em alguns lugares do mundo? Há termos proibidos na hora de batizar o bebê? Veja, a seguir, essas e outras curiosidades sobre o registro de pessoas. Especial para o Terra 2 Quais nomes são proibidos no Brasil? Nenhum! Não existe regra que regulamente o registro de nomes no País: é "tudo questão de bom senso", explica o presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR), Rogério Portugal Bacellar. "O oficial do cartório tem que saber o que não deve - o que pode expor, futuramente, um jovem ao ridículo, por exemplo". Segundo Bacellar, muitas vezes o nome escolhido pode ser motivado pela vaidade ou por algum motivo obscuro. No entanto, sempre é possível recorrer da decisão do oficial. "É possível que os país entrem em juízo, mas é raro conseguirem reverter", explica Bacellar. Em Minas Gerais, nove meses foi o tempo que um casal levou para conseguir por em sua filha o nome de Amora. Após ser negado no cartório, os pais entraram na Justiça, conquistaram o apelo popular e, em novembro de 2010, o Tribunal permitiu que a menina fosse registrada com nome de fruta. O presidente da Anoreg-BR ressalta que o caso de nomes japoneses, por exemplo, é mais complicado. Muitos pais querem manter as tradições e registrar os filhos com termos nipônicos. No Japão, não possuem nenhum significado pejorativo, mas, no Brasil, soam quase como "pornográficos", como por exemplo "Noku Nakama". Outro caso citado por Bacellar é o de um homem cujo sobrenome é Pinto de Jesus e sua mulher, com sobrenome italiano Stocco. No casamento, a junção originou o nome "Stocco Pinto de Jesus". Haja conversa com o pessoal do cartório para resolver... 3 É possível mudar de nome? Nascidos Maria da Graça Meneghel e Luiz Inácio da Silva, essas duas personalidades aparentemente tão distintas - mas igualmente populares no Brasil - fizeram uma pequena alteração nos seus nomes. Em 1988, aos 25 anos, a rainha dos baixinhos passou a se chamar oficialmente Maria da Graça Xuxa Meneghel. No começo da década de 80, o ex-presidente do Brasil alterou judicialmente seu nome para Luiz Inácio Lula da Silva. A legislação vigente na época proibia o uso de apelidos por candidatos à Presidência da República. Conforme explica o presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg-BR), Rogério Portugal Bacellar, após completar 18 anos, toda pessoa pode pedir a troca de nome - mas nem todo mundo vai levar. "É permitido, mas é necessário ter um motivo forte para isso. Se for conhecido por outro nome, como por exemplo Lula e Xuxa, é preciso testemunhas, recortes de jornais, episódios que comprovem isso", explica. Bacellar ressalta "a troca de nome pode ser um artifício para escapar de algum crime", por isso o procedimento demanda tanto cuidado. 4 Existe alguém chamado "Ponto-e-vírgula"? "Vírgula, acorda, está na hora de ir para a escola". "Ponto final, a comida vai esfriar". Dificilmente você ouvirá essas frases no Brasil, mas nos Estados Unidos, a situação muda. Segundo o coautor do livro Bad baby names: the worst true names parents saddled their kids with (Nomes de bebês ruins: Os piores nomes verdadeiros que os pais batizaram seus filhos, em tradução livre), Michael Sherrod, em entrevista para a BBC, pais americanos podem nomear seus filhos de praticamente qualquer coisa. "Pesquisei os registros e achei 20 pessoas chamadas 'Noun' (Nome), 458 pessoas chamadas 'Comma' (Vírgula) e 18 pessoas chamadas 'Period' (Ponto final). Mas apenas uma chamava-se 'Semicolon' (Ponto e vírgula)”, relata o pesquisador. Na prática, diz Sherrod, os pais veem a liberdade de escolher o nome de seus filhos como liberdade de expressão, um dos princípios da constituição daquele país. Apesar dessa irreverência, em geral, os americanos são bem tradicionais. No período de 1912 a 2011, conforme um estudo da Administração de Seguridade Social dos EUA, os nomes mais comuns variaram pouco: Mary e Michael foram os mais populares por mais de 40 anos. Nesses cem anos, os mais usados foram: Emily, Sophia, Isabella, Jessica, Ashley, Jennifer, Lisa, Linda e Mary, e Jacob, Michael, David, Robert, James e John. 5 Qual é o maior nome do mundo? Ufa! Para os íntimos, apenas Hubert Blaine Wolfe+585. O número representa a quantidade de caracteres suprimidos no "apelido". O alemão, nascido em 1904, figurou como o maior nome do mundo no Livro dos Recordes de 1975 a 1985. Depois disso, o Guinness Book eliminou a categoria. O motivo? Segundo a publicação, o senhor Wolfe+585 se negava a pagar as contas que exibissem seu nome grafado de maneira incorreta. Mas aí fica fácil, não é, senhor Wolfe? 6 Que país tem mais de 2,6 mil nomes proibidos? Registrar sua filha de Socorro só é permitido como segundo elemento do nome e precedido da partícula "do". Sendo que o primeiro nome da criança não pode ser Sophia, nem Mel - por ser um nome masculino. Mas pode ser Liliane, embora seja sugerido legalmente Liliana. Em Portugal, o registro de nomes é assim, cheio de regrinhas e restrições, tudo ditado pelo Instituto dos Registros e do Notariado, órgão responsável pelo cadastro dos recém-nascidos. Considerado um dos mais rigorosos na regulamentação, o país ibérico possui mais de 2,6 mil nomes proibidos. Na mesma lista, outras mais de 2 mil palavras que podem ser usadas. A diferença é mínima em alguns casos. Amauri é permitido; Amáuri, não! Apesar do rigor dos cartórios, a lista de registro dos últimos anos em Portugal apresenta um dado interessante: em 2011, mais de 2 mil crianças ganharam nomes que nenhuma outra possui, como Catchinué, Hristiano, Habibata, Vivacio, Saionara, Eakmpreet, Ahmadou ou Dinamene. 6 Já pensou em chamar seu filho de "Jair Samba Como Carioca"? Constrangedor, não é? Na Nova Zelândia, uma garota de 9 anos foi registrada com um nome equivalente na sua cultura: "Talula Does The Hula from Hawaii" ("Talula faz a Ula do Havaí", em tradução livre). No entanto, depois de mentir seu nome na escola (dizia que se chamava "K") por medo de ser ridicularizada, a atitude dos pais foi altamente reprovada e um juiz autorizou a mudança do nome. Na Nova Zelândia, no momento do registro, assim como no Brasil, o bom senso do oficial é que julga se o nome pode ou não afetar o futuro da criança. Em outros casos, já foram vetados, na Nova Zelândia, nomes como Stallion ("garanhão", em tradução livre), Yeah Detroit, Fish and Chips, Twisty Poi, Keenan Got Lucy e Sex Fruit. 7 Quais os nomes mais populares no Japão durante a Segunda Guerra Mundial? Artistas famosos, modismos, acontecimentos históricos também influenciam nomes de crianças do Japão. Anualmente é divulgada pela seguradora japonesa Meiji Yasuda a lista dos 100 nomes mais populares de meninos e meninas que nasceram naquele ano. O levantamento é feito com base nas novas inscrições de apólices feitas pelos segurados. Essa lista vem sendo feita desde 1912, o que possibilita verificar quais os nomes mais populares e em que contexto se deu a escolha. Nomes como Isamu, que significa "coragem", e Masaru, que quer dizer "vencer", foram os mais comuns na primeira metade da década de 1940, quando o Japão estava em meio à Segunda Guerra Mundial. Já em épocas de paz, nomes que fazem alusão a características mais sociáveis como Yuu ("carinho") e Makoto ("sinceridade") são mais populares. A chegada ao poder do imperador Showa, em 1926, também influenciou a lista. No ano seguinte à ascensão, três dos dez mais populares nomes entre meninos continham o ideograma "sho". Em 1928, o mesmo ideograma só aparece em um nome entre os dez mais populares. 8 Em que país uma menina ficou conhecida pelo nome "Brisa"? Em todos os documentos oficiais, até fevereiro de 2013, foi assim que ficou conhecida a jovem islandesa Blaer, hoje com 15 anos. Na língua do país, esse nome significa "brisa". Segundo a Justiça da Islândia, ao nomeá-la assim, sua mãe, Björk Eidsdottir, não seguiu as regras impostas pela constituição do país. Isso porque, para as autoridades locais, Blaer é um nome masculino. No começo de fevereiro, um tribunal da capital, Reykjavik, decidiu que a jovem poderia permanecer com seu nome de batismo. Na Islândia, há uma compilação de nomes femininos e masculinos em que os pais devem se basear para escolher o nome dos filhos. São 1.853 termos para meninas e 1.712 para meninos. Caso os pais não queiram seguir as listas, devem pedir permissão a um comitê especial. Assim como no Brasil, os oficiais seguem critérios como evitar que a criança seja exposta ao ridículo futuramente. 9 Quais os três sobrenomes mais comuns no mundo? Uma dica: todos eles têm origem no mesmo lugar. Só podia ser da China, o país mais populoso do mundo. Em terceiro lugar no ranking mundial está Wang, presente na identidade de aproximadamente 93 milhões de pessoas. O sobrenome é o mais popular da China, mas também é usado em outros lugares, como Coreia do Sul, Japão e Vietnã. Em tradução livre, o termo quer dizer "monarca" ou "rei". Na segunda colocação está Zhang, que, em 1990, estava no topo do Livro dos Recordes como o sobrenome mais comum do mundo. O uso de Zhang remonta a cerca de 4 mil anos atrás e é usado aproximadamente por 100 milhões de pessoas no mundo. Por fim, o mais popular do mundo: Lee ou Li, presente no nome de cerca de 8% da população chinesa - mais de 107 milhões de pessoas. Tanto o nome de família coreana Lee e o Ly das famílias vietnamitas foram derivados do mesmo termo chinês. Tomadas em conjunto, esses sobrenomes fazem de Li o mais comum no mundo. 10 Como é o registro de índios no Brasil? A regulamentação do registro de nascimento de indígenas mudou em 26 de outubro de 2012 no Brasil. Agora, os índios brasileiros têm direito ao registro de seus nomes na língua nativa e também podem incluir informações relativas a suas origens na certidão de nascimento. Antes da resolução, o registro do nome indígena ficava a critério do oficial do cartório. Ele poderia se negar a registrar o nome, usando como base a Lei 6.015, de 1973, que permite o veto de nomes "suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores". Segundo o vice-presidente de Registros Civis da Associação dos Notários Registradores das Pessoas Naturais do Brasil (Anoreg-BR), Mário de Carvalho Camargo Neto, agora as etnias podem mudar os nomes de acordo com a fase da vida (infância, adulto e idoso) e ir acrescentando essas mudanças ao registro, como muitas pessoas fazem, por exemplo, quando se casam. "Os indígenas que tiveram que se registrar na legislação antiga, com nomes em português, podem mudá-los agora", afirma Camargo Neto. mais especiais de educação