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Única escola da rede municipal a abrir as portas nesta quarta terá baixa adesão dos alunos

Mães com filhos matriculados no Centro de Educação Infantil Penha Bom Jesus mostram descontentamento com o horário reduzido e dizem que risco 'não vale a pena'

6 out 2020 - 18h58
(atualizado em 8/10/2020 às 09h45)
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O Centro de Educação Infantil Penha Bom Jesus, na zona leste de São Paulo, deverá ser a única unidade da rede municipal, entre 4 mil escolas, a abrir as portas nesta quarta-feira, 7, quando começa a retomada autorizada pela Prefeitura. Esse primeiro dia poderá ser marcado pela baixa adesão das famílias, que veem no horário de funcionamento reduzido (duas horas ao dia por dois dias na semana, para cada aluno) e no risco de exposição à covid-19 um esforço que não valeria a readaptação dos pequenos.

E o primeiro dia poderá ser marcado pela baixa adesão das famílias, que ponderam que o horário reduzido de funcionamento (duas horas por dia por dois dias na semana para cada aluno) e o risco de exposição à doença não valeriam o esforço de readaptação dos pequenos.

De acordo com o protocolo estabelecido pela Prefeitura de São Paulo, as escolas que voltarem neste dia 7 poderão receber alunos apenas para atividades extracurriculares e de acolhimento. A reportagem do Estadão teve acesso a um grupo de Whatsapp com 35 membros, dos quais sete são funcionários e o restante são mães de alunos do Bom Jesus. Apenas quatro delas afirmaram por enquanto que pretendem levar os filhos nesse primeiro momento da reabertura. Uma outra mãe, que não faz parte do grupo, também informou que levará o filho.

A principal queixa ouvida entre elas é a de que o horário reduzido das atividades não valeria o esforço, o estresse e a preocupação de deixar os filhos na escola em meio à pandemia da covid-19. "A criança vai querer ficar mais tempo na escola e não vai poder, é muito complicado. Sem falar que é o tempo de um atendimento e depois eu teria que voltar para buscá-la", comenta a manicure Tamires Godinho, de 23 anos, mãe da Alice, de 2.

Por mais de um ano, ela tentou que Alice fosse transferida para o Bom Jesus e finalmente teve seu pedido atendido no início deste ano. As aulas, entretanto, não duraram sequer duas semanas antes de serem suspensas pela pandemia, conta. "Ela ainda estava naquela fase de adaptação, sabe?"

Hoje, Alice só convive com os primos a cada 15 dias e não tem tido contato com outras crianças da escola. Tamires, por sua vez, diz que ainda assim prefere levar a menina para trabalhar com ela no salão, onde ela já se sente à vontade e a mãe consegue ficar de olho, mesmo que precise da ajuda do celular. "Quando me falaram que as aulas iam voltar, achei que fosse durante a semana inteira, assim eu até levaria ela. Mas só por duas horas não vale a pena."

Uma mãe de um dos alunos do Bom Jesus, que preferiu não se identificar, confirmou que não pretende mandar o filho de dois anos tão cedo e prefere mantê-lo em casa, com o irmão de 7. "Vamos esperar no mínimo a vacina, porque não tem cabimento voltar agora." Maria Oliveira, de 28 anos, também não tem intenção de levar Bruno, de 2. "Os horários não adiantam muito e ainda ficamos com o medo de ele se contaminar na escola e passar para quem está em casa", explica.

Criando sozinha quatro filhos de 2, 5, 7 e 8 anos dentro de casa e sem a ajuda do ex-marido, Jully Anne Silva, de 27 anos, é a exceção. Ela é uma das poucas mães que pretendem levar o filho para a escola.

"Eu acho que vai dar uma melhorada [na energia dele], porque ele anda muito agitado. Qualquer descanso já vale, né?", comenta a mãe sobre o filho mais novo. July Anne foi à creche resolver outros assuntos e, chegando lá, ficou sabendo da reabertura, o que encarou com certo alívio.

Ainda assim, ela confessa que está confusa com a decisão e não tem esperanças de que as escolas dos outros filhos ainda retornem esse ano. "É bom, porque eu moro perto e consigo trazer ele rapidinho. Mas pra quê começar em outubro se o ano já está acabando?"

A reportagem foi até o Centro de Educação Infantil Penha Bom Jesus, mas não conseguiu obter contato com os funcionários nem com professores e não obteve permissão para entrada no local. Procurada, a Secretaria Municipal de Educação afirmou que a imprensa não estava autorizada a entrar na escola "para não criar tumulto".

Estadão
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