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'Tive o cuidado de falar não', diz jovem infectado dias antes do Enem

Danilo Ferraz, de 18 anos, descobriu a covid-19 na semana do exame e não cogitou fazer a prova contaminado

21 jan 2021 - 19h01
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Enquanto o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) era aplicado no domingo, 17, Danilo Ferraz, de 18 anos, assistia à aprovação das vacinas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pela televisão. Inscrito para fazer a prova, ele não pôde ir porque descobriu estar infectado com a covid-19 na semana do exame. Em Parauapebas, interior do Pará, onde mora, a ocupação de leitos de UTI no SUS chegou a 90% e o jovem se preocupa: "Hoje estou bem, amanhã não sei." Leia a seguir o relato:

Comecei a ter sintomas da covid-19 cinco dias antes do Enem. Minha mãe trabalha na área da saúde (é técnica em Enfermagem) e precisou fazer o teste porque também estava com sintomas. Quando saiu o resultado dela, e deu positivo, fiz o exame também. Descobri que estava contaminado e precisei entrar com um processo para pedir a reaplicação.

Meus sintomas foram muito leves, uma dor de garganta, e só depois que fiz o teste é que senti febre. Agora perdi paladar e olfato. Fiz cursinho durante o ano e não foi muito fácil porque estava tudo a distância, mas eu estava tentando me preparar da melhor forma. Quero prestar Medicina.

Foi frustrante ter covid porque estava tão perto do Enem, mas eu tive o privilégio de fazer o teste o mais rápido possível, em uma clínica particular. No dia do Enem, quando deu meio-dia, pensei: 'O que eu faço agora?' Estava todo mundo fazendo a prova. Mas nunca cogitei prestar o exame contaminado, colocando outras pessoas em risco. Tive o cuidado de falar não.

Estamos vendo em Manaus a problemática da falta de oxigênio, vemos que está caótico e temos medo de apresentar um quadro mais grave. E esse medo persiste, a gente não está curado. Hoje estou bem, mas amanhã não sei.

Estadão
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