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'Tinha tudo para dar certo, mas não deixaram fazer', diz estudante barrado no Enem

Tiago Felipe de Souza, de Curitiba, percorreu 1h40 em um ônibus para ser impedido na porta da sala

21 jan 2021 - 19h01
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Tiago Felipe de Souza, de 23 anos, poderia imaginar todo tipo de problema que teria no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), menos este: ser impedido de entrar porque a sala já estava lotada. Por falta de planejamento sobre a capacidade das classes, ele e dezenas de estudantes foram barrados em Curitiba quando já estavam nos locais de prova. Agora, não sabe se vai conseguir a reaplicação e a única prova de que compareceu ao exame é uma folha A4 preenchida à mão por uma funcionária. "Estou refém de um papel." Leia a seguir o relato:

Saí com antecedência de casa, fui de ônibus fazer o Enem e levei 1h40 para chegar ao local de prova (em Curitiba). Entrei até a porta da sala, chegaram a pegar meu documento e então avisaram de um problema: que atingiu 50% da capacidade da turma e teriam de me dispensar. A única coisa que anotaram foi meu nome e CPF em uma folha de A4 - agora estou refém de um papel.

Lá fora, mais alunos falaram da mesma situação, que enfrentaram fila no colégio e foram barrados. Eles estavam desesperados. Quando você está estudando, cria planos de tirar boa nota, tem a tensão do preparo, você está ansioso. O Enem é uma prova complexa. Receber essa notícia faz desabar o mundo, fiquei bem perdido. Minha única solução era ir para casa porque fomos orientados a sair do prédio. Tinha tudo para dar certo, a estrutura é que não me deixou fazer.

Foi tudo de última hora. Eles tinham de estar preparados para ter uma outra sala. Sinto que estamos perdidos por todos os lados, na educação e na saúde. Isso é reflexo de tudo o que está acontecendo. Foi total falta de informação e planejamento e agora o que nos resta é aguardar essa segunda prova e me esforçar de novo para ver como as coisas vão acontecer.

Quero fazer um curso na área de Comunicação em uma universidade pública, mas nada garante que vou conseguir fazer essa prova. O ministro falou que a prova foi um sucesso. Eu pergunto: 'Um sucesso para quem? Para eles que aplicaram para metade dos participantes?' Vejo como uma tragédia.

Estadão
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