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Sob risco de adiamento, Enem deve ter menos alunos em sala e desafio de conter aglomeração

5,7 milhões de candidatos devem fazer as provas, que começam neste domingo, 17; realização do exame em meio à pandemia está na Justiça

12 jan 2021 - 19h01
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Com a promessa de menos alunos por sala e o desafio de conter aglomerações na entrada, as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) começam neste domingo, 17, para 5,7 milhões de estudantes. Em meio à segunda onda de covid-19 no Brasil, com média de mil mortos por dia, a segurança do exame vem sendo questionada na Justiça. Estudantes cobram um novo adiamento da prova, enquanto o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pelo exame, diz que os protocolos são seguros e descarta mudar as datas. Nesta terça-feira, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, chamou quem pede o adiamento de "uma minoria barulhenta".

As provas deste domingo, de Linguagens, Ciências Humanas e Redação, terão duração de cinco horas e meia. Para reduzir aglomerações, o Inep anunciou nesta segunda que os portões das escolas serão abertos às 11h30. Anteriormente, a previsão era de abertura às 12 horas. Vestibulares como o da Fuvest e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) registraram aglomerações na entrada.

Candidatos inscritos não deverão ir ao local de prova caso estejam com a covid-19 ou com sintomas da doença. Segundo o Inep, eles podem pedir a reaplicação por meio da Página do Participante - para isso, é preciso anexar um documento que comprove essa condição. Esse documento pode ser um resultado positivo para coronavírus, na data de aplicação das provas; atestado ou relatório médico, conforme previsto nos editais do Enem.

Os participantes que apresentarem sintomas na véspera ou no dia da prova deverão procurar o serviço de saúde para diagnóstico e informar sua condição por meio da Página do Participante e pela Central de Atendimento (0800 616161). A reaplicação, prevista para os dias 23 e 24 de fevereiro, está sujeita à avaliação da documentação.

A realização do exame em meio à pandemia tem causado apreensão entre os candidatos. Entidades estudantis cobram o adiamento - nas redes sociais, há tuitaços diários com essa demanda - e uma ação na Justiça também requer a mudança de data, considerando a segunda onda da pandemia no Brasil, as altas taxas de infecção e ocupação de leitos em grandes centros urbanos. Especialistas em Saúde consideram que o momento é grave para a realização de uma prova desta magnitude.

Enquanto esperam definições, estudantes fazem o que podem para se proteger e simular o que vão encontrar nas salas de aplicação. O uso da máscara será obrigatório e, por isso, a preparação envolve até test-drive de modelos. Nos simulados propostos pelos cursinhos e escolas, os alunos são orientados a permanecer de máscara enquanto resolvem as questões para se adaptar.

"Já faço todos os simulados de máscara e vou variando para ver qual estilo é melhor", conta Júlia Teixeira, de 17 anos, aluna do Colégio Pentágono, em São Paulo. Ela também aproveitou a temporada de fim de ano na terra natal, Recife, para se acostumar com as altas temperaturas que deve encontrar na sala de aplicação. Isso porque a recomendação para a prova é priorizar a ventilação natural - o ar-condicionado deve ser desligado.

"É difícil deixar os alunos em pleno verão com ar desligado", diz a estudante, que vai prestar o Enem neste domingo e pretende cursar Ciências da Computação. A hora da alimentação também preocupa. Não será proibido comer durante a prova, mas os candidatos deverão ficar atentos para evitar contaminação na hora de retirar e recolocar a máscara.

Diferentemente da Fuvest, os estudantes não poderão sair da sala na hora de comer. E a recomendação é que a máscara seja retirada somente pelo tempo necessário para o lanche. Orientações sobre os procedimentos com a alimentação vêm sendo dadas pelos professores aos alunos. "Beber água é algo necessário e, por ser rápido, não impacta tanto no desempenho. Ele tira a máscara rapidamente e coloca de volta", diz Vitor Ricci, coordenador do Curso Poliedro.

Comer, embora seja mais demorado e, em tempos de pandemia, exija atenção redobrada, também pode ser importante para que o candidato alivie a tensão e recupere a concentração na prova. "Antes, esses eram momentos sem preocupação, eu bebia água ou comia para desopilar", lembra Júlia. "Agora vamos precisar prestar mais atenção."

A aluna espera um número menor de estudantes na classe. Segundo o Inep, as salas de aula terão 50% da capacidade, mas não foi informado um número máximo de candidatos. O órgão estima que serão usadas 205 mil salas, em 14 mil pontos de aplicação. Em 2019, o Enem foi aplicado em 145 mil salas de aplicação, em cerca de 10 mil locais de prova. Deverá haver um distanciamento de dois metros entre os alunos, e os aplicadores também terão de garantir a distância em relação aos estudantes e deverão circular menos entre as fileiras.

Além disso, haverá salas especiais, com ocupação de até 12 pessoas, para participantes que, segundo o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são mais vulneráveis à covid-19. De acordo com o Inep, fazem parte desse grupo gestantes, lactantes, idosos e pessoas com condições médicas preexistentes, como cardiopatias, doenças pulmonares crônicas, diabete, obesidade mórbida, hipertensão, doenças imunossupressoras e oncológicas.

Nesta terça-feira, 12, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, garantiu que o exame será aplicado neste domingo. A declaração ocorreu no dia seguinte à morte do general da reserva Carlos Roberto Pinto de Souza, chefe da diretoria do Inep e responsável pela elaboração do Enem. "Não vamos adiar o Enem. Primeiro porque tomamos todos os cuidados de biossegurança possíveis. Queremos dar tranquilidade para você que vai fazer a prova, assim como aconteceu no (último) domingo, em menor proporção, claro, no exame da Fuvest", disse o ministro.

Ribeiro citou um trecho da Bíblia e afirmou que "a esperança que se adia adoece o coração" e que o governo não pode fazer isso com as expectativas dos estudantes. Ainda segundo ele, uma minoria quer o adiamento das provas. "Uma minoria, barulhenta, mas minoria."

Qual máscara levar para o Enem?

Na hora de escolher a máscara, candidatos devem observar o conforto, mas também precisam ficar atentos ao nível de proteção. É preciso que ela esteja bem ajustada ao rosto e sem vazamento pelas laterais. Para checar se uma máscara está adequada, é possível inspirar e expirar e verificar, nesse processo, se o ar escapa pelos lados.

Segundo o físico e pesquisador Vitor Mori, membro do Observatório Covid-19 BR, modelos que prendem na nuca protegem mais do que os de elástico nas orelhas. Ele também defende o uso de máscaras com haste de metal no nariz, que ajudam na vedação. Candidatos que façam parte do grupo de risco para a covid-19 ou que convivam com pessoas do grupo de risco podem considerar uma máscara do tipo N 95 (no Brasil, corresponde ao modelo PFF2), que oferecem proteção maior desde que bem manuseadas.

Estadão
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