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Finalista de "Nobel" da educação é proibido de dar aulas

Acusado de usar diplomas falsos. o professor Wemerson Nogueira, finalista do prêmio Teacher Global Prize, não poderá dar aulas por 5 anos

18 out 2019 - 06h11
(atualizado às 08h27)
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O professor Wemerson Nogueira, finalista em 2017 do prêmio Teacher Global Prize, considerado o Nobel da Educação, foi proibido pelo governo capixaba de dar aula por cinco anos, acusado de usar diplomas falsos. Nogueira atribuiu o problema a uma questão burocrática e disse que não pretende recorrer da decisão. Ele afirmou ainda que está prestes a se formar em outra faculdade.

Em maio, o Estado revelou que a professora de ensino técnico Joana D'Arc Félix de Sousa declarava uma formação na Universidade Harvard (EUA) que a docente não possui. Além disso, ela usou um diploma falso na tentativa de confirmar a informação. Após a reportagem, ela admitiu ter mentido no currículo.

Em 2017, Wemerson foi um dos 50 finalistas do Global Teacher Prize
Em 2017, Wemerson foi um dos 50 finalistas do Global Teacher Prize
Foto: Deutsche Welle

O veto a Nogueira foi determinado pela Secretaria Estadual de Educação do Espírito Santo. Tarcísio Bobbio, corregedor da pasta no Estado, diz que, após auditoria no setor, foi constatado que Nogueira usou três diplomas falsos dos cursos de Química, Ciências Biológicas e um de pós-graduação para ocupar o cargo de educador. A decisão saiu no Diário Oficial do Estado de 8 de outubro.

"Como ele já não tinha mais vínculo com o Estado, a lei determina essa punição e foi cumprido o que era previsto. O setor de auditoria da educação, achou suspeitos três documentos que ele apresentou, declarando os cursos. Apuramos esse caso e, diante de todos os fatos comprovados, decidimos aplicar a punição. Se não cumpro a lei, acabo respondendo um processo também", explicou o corregedor.

O corregedor ainda informou que, assim que passar o período de punição (cinco anos), Wemerson pode concorrer novamente ao cargo de professor DT (designação temporária) e voltar a dar aulas na rede estadual. "Passando o período que a lei determina, ele pode sim voltar a fazer os concursos para dar aula nas escolas estaduais".

Em nota, Nogueira que a comissão processante foi parcial no processo, pois se apegaram ao fato de o diploma "papel" não ter validade. "Eles deveriam ter analisado minha boa fé, a não intenção de usar um documento sabendo que era falso", disse. Ele afirma ter estudado em um polo conveniado com a Universidade Metropolitana de Santos (Unimes) e guardar o contrato de prestação de serviço da instituição. A faculdade, porém, não reconhece o diploma.

Também em nota, a Unimes diz ter sido vítima de fraude e pediu à Superintendência da Polícia Federal capixaba para apurar o caso. Segundo a faculdade, em 2015 foi informada de que no Espírito Santo teriam sido emitidos diplomas falsos em nome da Unimes, que não constavam nos registros acadêmicos.

"A entidade segue acompanhado, por meio de seu departamento jurídico, os desdobramentos judiciais e criminais, e reitera que não compactua com este tipo de fraude e quer ver solucionado o caso, para que outros possíveis envolvidos/inocentes tenham suas situações definidas", informou a Unimes.

Questionado se iria contestar a decisão, Nogueira disse que prefere não recorrer.

"Não quero ser mais um professor sofredor na mão de uma secretaria de Estado que olha para o educador como algo que só presta enquanto tem a oferecer."

Nogueira diz ainda fazer palestras e conta ter recebido convites para trabalhar em escolas particulares.

Aulas atraentes de Química garantiram prêmio

Wemerson foi premiado em 2016, na 19ª edição do "Educador Nota 10", que tem o objetivo de premiar os melhores professores do Brasil. Ele foi levado ao prêmio por explicar de forma atraente a tabela periódica.

"O professor escolheu partir do fato ambiental - a contaminação pela lama -, e da análise química da água para abordar os elementos da tabela de forma contextualizada. Na postura de jovens pesquisadores, os alunos de Wemerson analisaram as condições das águas, apreenderam a tabela periódica de um jeito inovador e encontraram soluções práticas para melhorar a qualidade de vida dos ribeirinhos", afirma a página da premiação, na internet.

No ano seguinte, foi finalista do Teacher Global Prize, prêmio concedido pela Fundação Varkey. A ganhadora naquela edição foi a canadense Maggie McDonnell.

O Estado tentou contato com a assessoria de imprensa da Fundação Victor Civita, responsável pela premiação, mas até a noite dessa quinta-feira, 17, a organização não se pronunciou sobre o assunto.

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Estadão
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