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Na Roda da Matemática, alunos aprendem que 'o erro é nosso amigo'

Propostas levam a descoberta de números e cálculos para espaços fora das salas de aula; aposta inclui jogos

19 ago 2018 - 03h12
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SÃO PAULO - Em uma sala com armários de madeira e cadeiras coloridas, uma professora prepara a próxima aula. Tem nas mãos sólidos geométricos e uma bacia com água. Ao lado, um pote cheio de arroz. Está testando uma nova atividade para a turma de crianças pequenas em uma escola onde a proposta é despertar o amor pela Matemática.

Na Roda de Matemática, instalada há dois anos em Pinheiros, na zona oeste, a meta não é formar crianças para o vestibular. Meninos e meninas de 5 a 12 anos resolvem desafios e participam de jogos em conjunto - uma metodologia inspirada nos círculos da Matemática de países da Europa Oriental, como Rússia e Hungria, conhecidos por tradição e amor pela área.

"Aqui, o erro é nosso amigo", explica uma aluna à colega novata. A turma, na faixa dos 10 anos de idade, passará uma hora e meia na escola para desvendar mistérios da Matemática. O que começa com papel e lápis termina em jogos e gargalhadas. Testar hipóteses, fazer perguntas, tropeçar e recomeçar fazem parte do processo.

"É divertido, gostoso, mas é para valer. A molecada esquenta a cabeça", diz Janaina Villela, uma das fundadoras. Explorar temas diferentes dos que aparecem no colégio é um dos desafios. "Queremos uma Matemática mais diversa, visual", diz. A Roda recebe 170 crianças e também tem parceria com escolas da capital e Grande São Paulo para atividades no contraturno.

Dentro de sala, a professora Natacha Vazquez, de 25 anos, encoraja crianças a arriscarem palpites para descobrir qual a lógica por trás de uma tabela com símbolos e números. Também pede que uma ajude a outra. "Se descobrir antes, não precisa gritar. Só fazer um 'joinha' com a mão", avisa.

Mãe de Nina, de 10 anos, a publicitária Paula Rizzo, de 46 anos, garante que a filha vai entusiasmada às aulas de Matemática. Ela buscou a escola depois que percebeu que a menina tinha um gosto especial pela disciplina. "Mas a Matemática é o meio de ensinarem coisas até maiores. O importante é exercitar o caminho, aprender umas com as outras."

Grupos. Fora das salas e espalhados pelo Brasil, amantes da Matemática usam as redes para trocar figurinhas. No grupo Loucos pela Matemática, no Facebook, já são mais de 140 mil. "Na escola, é difícil encontrar quem goste. É mais obrigação. Na internet, reunimos as pessoas", conta o aluno de Engenharia Química João Vitor Jacintho, de 19, criador do grupo, que já acolhe até estrangeiros.

Há ainda quem aproveite a rede para dar vazão ao vício. Bombeiro militar, Cézar Augusto de Freitas, de 41 anos, se apaixonou pela Análise Combinatória - ramo que estuda técnicas para problemas de contagem - durante graduação de Matemática. Hoje, até cria exercícios inspirados em situações cotidianas, como sair para comer pizza. "E não solto a resposta enquanto ninguém tentar."

Estadão
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